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Colunista

Estélio Munduruku

Resistência Indígena: Enfrentando a exploração e a alienação

Terras indígenas enfrentam histórica pressão exploratória e luta por sustentabilidade cultural e ambiental

Resistência Indígena: Enfrentando a exploração e a alienação

Foto: Norte em Foco

Já faz muitos séculos que as terras indígenas sofrem pressão de exploração e alienação de seus territórios. O Brasil, que sempre foi ocupado por nossos povos tradicionais e era uma imensa terra indígena, foi aos poucos sendo explorado pelos colonizadores a partir de 1500. A exploração resultou em grandes retiradas dos recursos naturais, tanto em manufaturas quanto em especiarias mercantis e mineração. Foram tantas extrações que alguns países da Europa puderam enriquecer ainda mais seus capitais financeiros.

Nossos povos defenderam o imenso território indígena até os últimos instantes da colonização. Muitas nações tiveram suas vidas retiradas por não permitirem a exploração dos recursos naturais pelos colonizadores. Aos poucos, cada povo se concentrou em diferentes territórios, onde se encontram as demarcações de terras indígenas pelo Brasil. No entanto, muitas terras estão em processo de demarcação, e outras buscam o reconhecimento de seus territórios ancestrais.

Hoje, em pleno século XXI, nossos povos vivem sob ameaça de exploração das terras já demarcadas, e as demais correm o risco de não serem demarcadas devido ao novo modelo de exploração colonial, que se modernizou e escancarou através do agronegócio, mineração e ruralismo.

Além disso, há outro fator que às vezes manipula alguns indígenas para aderirem ao discurso de um “progresso desenvolvimentista” em suas terras. Isso fragiliza o movimento indígena organizado, como o que Milton Santos chama de alienação, ligada aos interesses de propriedade das forças econômicas, tanto políticas quanto empresariais. No governo passado, foi possível perceber que alguns indígenas foram atraídos pelo discurso alienado sob a égide do capital.

Com a ameaça de exploração das terras indígenas, é preciso estar atentos e alertas, pois houve o chamado “leilão da morte” em 13 de dezembro de 2023, referindo-se ao leilão de terras indígenas e unidades de conservação realizado pela ANP. Essas áreas contêm blocos de petróleo que há muito tempo estavam na mira das grandes empresas petrolíferas. No entanto, os povos dessas terras não foram ouvidos, muito menos consultados. Será que a vida indígena vale menos neste país? Por que as sabedorias ancestrais são negadas?

O movimento indígena segue resistindo e lutando contra a exploração das terras já demarcadas e das que não estão. Muitos povos têm sua própria maneira de conhecimento e produção sustentável. Por isso, até hoje, as sobrevivências culturais e os meios de subsistência permitiram que a existência indígena chegasse até este século.

Portanto, explorar causa violência ambiental e cultural nos povos. É um meio agressivo do capitalismo que prejudica a vida da floresta, dos animais, dos seres vivos e, principalmente, afeta a vivência cultural de um povo. Existem novas formas de gerar meios econômicos sustentáveis que não ceifam a vida de ninguém. O conhecimento vem dos povos indígenas e de um olhar humanista, pois a floresta por si só estabelece suas regras, interpretadas pela cosmovisão indígena sobre como gerar um meio sustentável sem causar dano ao meio ambiente e à reprodução cultural dos povos indígenas.

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