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Estélio Munduruku

Amazonas: submundo e cultura diferente

O festival de Parintins celebra a diversidade cultural amazônica, destacando temas indígenas, ribeirinhos e quilombolas, além de promover a defesa dos territórios ancestrais

Amazonas: submundo e cultura diferente

Foto: Isabela Munduruku

O estado do Amazonas tem sua exuberância e abundância de povos, culturas e seus submundos encantados diversos. Sua vastidão por si só se destaca por ser única no Brasil. Recentemente, o festival de Parintins apresentou ao país uma festividade que aborda os conhecimentos indígenas, ribeirinhos e quilombolas.

Faz muito tempo que o município de Parintins se destaca pela disputa do boi Garantido e Caprichoso com temas típicos da região, agregando os valores e as sabedorias indígenas, ribeirinhas e quilombolas. Este ano, com a participação da amazonense Isabelle Nogueira, Cunhã Poranga do boi Garantido, o festival passa a ter visibilidade, tendo em vista que o festival acontece há anos e somente agora o país fica em êxtase vendo o espetáculo cultural no festival.

A cultura e os povos que existem aqui são a base que dá sustentação para a realização do festival de Parintins, por isso, sem a preservação da floresta e sem a proteção dos povos que a vivenciam e cuidam dela, não pode existir cultura nem sabedoria, porque esta reprodução sociocultural vem diretamente dos povos amazônicos.

Este ano, os dois bois abordaram assuntos importantes sobre os povos indígenas e suas terras, também levaram para a arena figuras indígenas como Alessandra Munduruku, Vanda Witoto e demais indígenas que lutam pela causa e proteção dos territórios ancestrais e, principalmente, pela vida dos parentes que sofrem ameaça por defender suas terras.

Nesse sentido, o movimento indígena conta muito com o apoio da sociedade não indígena para a defesa dos seus territórios e dos seus direitos, pois o marco temporal continua em tramitação no Senado Federal por meio da lei 14.701 de 2023, essa lei nega o direito à terra e à existência dos povos indígenas, estabelecendo assim reivindicações de terras indígenas somente a partir de 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição.

Apesar de ser um festival que tem disputa e concorrência de quem apresenta melhor seus temas, e que é o momento em que se vê as pessoas se vestindo com enfeites artesanais indígenas, embora a região seja celeiro da arte indígena, mas em épocas diferentes é pouco valorizado.

Por isso, é importante ressaltar que não fique apenas em uma simples festa, porque tudo que é apresentado na arena tem simbolismo e relação direta com as cosmologias e cosmogonias das sabedorias ancestrais. E que o festival seja um aliado das causas indígenas, porque tanto o Garantido quanto o Caprichoso demonstram a beleza cultural que é o nosso estado.

Dessa forma, as lutas dos povos indígenas, dos povos amazônicos que lutam em defesa da Amazônia, são também de toda a sociedade civil, que o festival de Parintins transmita um olhar reeducativo de luta e proteção da vida dos povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas. A floresta se mantém intacta graças a esses povos que a defendem, que não seja vista como folclórica, mas sim como uma verdadeira arte cultural de resistência emanada diretamente dos nossos povos. Logo, a luta é de todos nós.

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