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Vereadores que votaram contra empréstimo se posicionam nas redes sociais e reiteram falta de transparência

A atitude de rejeitar o empréstimo da Prefeitura de Manaus gerou uma série de publicações dos vereadores que votaram contra o projeto

Vereadores que votaram contra empréstimo se posicionam nas redes sociais e reiteram falta de transparência

Manaus, AM – Mais da metade dos vereadores que votaram contra o empréstimo de R$ 600 milhões da Prefeitura de Manaus se manifestaram por meio das redes sociais para defenderem seus posicionamentos em relação aos motivos que os fizeram rejeitar o projeto do Executivo Municipal.

O número demonstra que os parlamentares da Câmara Municipal de Manaus (CMM) que hoje estão numa posição de oposição ao prefeito David Almeida (Avante) é maior do que nos primeiros anos do seu mandato, quando encontrava apenas em Rodrigo Guedes (Podemos) um opositor declarado.

Caio André (Podemos); Capitão Carpê (Republicanos); Daniel Vasconcelos (Podemos); Diego Afonso (União Brasil); Everton Assis (União Brasil); Jaildo Oliveira (PCdoB); Lisandro Breval (Avante); Marcelo Serafim (PSB); Rodrigo Guedes (Podemos); Rosivaldo Cordovil (PSDB); Thaysa Lippy (Progressistas) e William Alemão (Cidadania) foram os que se manifestaram de alguma forma publicamente.
De acordo com David, o empréstimo seria para dar continuidade ao “Programa de Melhoria de Infraestrutura Urbana e Tecnológica do Município de Manaus”.

A atitude de rejeitar o empréstimo gerou uma série de publicações dos vereadores que votaram contra o projeto, uma vez que começaram a surgir notícias de que ao agirem dessa forma, eles teriam votado contra a cidade de Manaus.

O placar no dia 8 de novembro terminou em 20 votos contrários e 19 a favor. No plenário da Casa Legislativa se encontravam 39 dos 41 vereadores, apenas Marcel Alexandre (Avante) e João Carlos (Republicanos) não estavam na sessão.

Embate

A reportagem do NORTE EM FOCO consultou as redes sociais de cada um dos 20 políticos que registraram o voto contrário à Mensagem da Prefeitura e constatou que os mais incisivos em relação ao assunto foram: Caio André; Rodrigo Guedes, Capitão Carpê; Marcelo Serafim, Lissandro Breval, William Alemão e Diego Afonso.

O presidente da Casa Legislativa fez uma coletiva de imprensa no último dia 9, e publicou um vídeo em suas redes sociais. Ele criticou o fato da Prefeitura ter bloqueado os repasses institucionais à Câmara e disse que a atitude era uma ‘invasão de competência’.

“A Câmara não é um cartório da prefeitura, a Câmara não está aqui para assinar toda e qualquer mensagem que a prefeitura envia para essa Casa. Após a votação houve uma desarmonia entre os Poderes, isso é inadmissível, a Câmara se posicionou como achou que deveria se posicionar. Vamos entender o que aconteceu e depois sim, tomar todas as providências jurídicas necessárias”, afirmou.

Rodrigo fez três publicações sobre o assunto. O parlamentar afirmou que assim como os outros pedidos de empréstimo, esse também não tinha transparência e não havia um detalhamento explicando em que o valor seria investido, sem especificação do que realmente seria feito com o montante.

“Mais uma vez a prefeitura de Manaus pede um cheque em branco da Câmara de Manaus. É um pedido de empréstimo sem nenhuma justificativa. O que a prefeitura quer é a fórmula exata do endividamento do município. É um descontrole fiscal, ou seja, gastar mais do que se arrecada, votei contra esse e contra os demais que não tem nada especificado. Eu não vou fazer parte de nenhum tipo de endividamento que quebre a prefeitura de Manaus, sou fiscal do povo”, declarou.

O vereador Capitão Carpê, publicou em seu Instagram no dia 9 de novembro, um vídeo em que ele reitera que os parlamentares que negaram o pedido de empréstimo não são contra a cidade e sim, contra a falta de transparência.

“Somos contra que você pague essa conta. O prefeito empresta, mas quem vai pagar a conta é você. Desde quando votamos pela derrubada de um empréstimo, os vereadores estão recebendo diversos ataques absurdos e mentirosos. Estão tentando passar para vocês que somos contra o desenvolvimento da cidade e, na verdade, somos contra a falta de transparência e de mais endividamento da cidade”, explicou.

Por sua vez, o ex-líder da prefeitura na Câmara, Marcelo Serafim, que deixou o cargo há exatamente um ano, alegando que não seria líder de uma base dividida, disse por meio de suas redes sociais, que o prefeito terá R$ 9 bilhões do orçamento 2024 para fazer investimentos em Manaus e enfatizou que o projeto não contava com indicações de obras estruturantes.

“Eu votei não, porque entendo que a cidade de Manaus não precisa pagar esta conta. Qual a garantia que a cidade tinha que esse dinheiro iria realmente ser utilizado para obras estruturantes que melhorassem o nosso trânsito e a vida do manauara? Você que é assalariado, que ganha um salário mínimo por mês, tem que se virar todos os meses para poder pagar água, luz e fazer o seu ranço, cabe ao prefeito fazer o mesmo, ele precisa ser austero, gastar o dinheiro de forma correta naquilo que a cidade mais precisa”, destacou.

Já o ex-líder do Avante, partido de David na CMM, Lissandro Breval também se posicionou sobre o assunto em suas redes sociais, afirmando que a rejeição do novo empréstimo não significava ser contra a população.

“Votar contra o empréstimo não é ser contra a população. É ser contra a falta de transparência, contra a má gestão do dinheiro público. É honrar os milhares de votos recebidos. O Legislativo é um Poder independente, pode e deve ser contra quando quem está perdendo é a população sim”, frisou em sua publicação, feita no último dia 10.

Lissandro disse ainda que o Parlamento Municipal tem histórico de aprovação de empréstimos nos últimos três anos e mantém a postura de votar favorável à mensagens enviadas pelo Executivo por entender que elas foram efetivamente para o melhor da cidade.

Outro parlamentar que falou sobre o voto contrário foi William Alemão, que destacou a dispensa de nota de empenho em um dos artigos do projeto, o que segundo ele, faria com que não fosse possível saber no que iria ser gasto os R$ 600 milhões.

“Em nenhum momento, o projeto deixava claro em que o valor seria usado, apenas que seria para a infraestrutura da cidade. Agora, falar que com seiscentos milhões ele faria oito mil ruas, caramba! Com setecentos ele fez duas mil ruas, é a multiplicação dos pães. Se ele precisava tanto do dinheiro, por que ele não especificou no projeto de lei? A minha obrigação é que você saiba tudo que é feito com o dinheiro público e essa é minha responsabilidade”, pontuou Alemão.

O vereador Diego falou através de um vídeo, no dia 9, que o projeto não tinha nenhuma explicação sobre a tomada de empréstimo e frisou que para ele, a prefeitura já vem gastando de forma equivocada, citando apenas as duas mil ruas asfaltadas dentro do Programa Asfalta Manaus, que prometeu asfaltar dez mil ruas.

“Os líderes e os vices-líderes do prefeito não conseguiram prestar contas dos empréstimos, de todos os recursos contraídos, e por esse motivo, votamos contra, em defesa do teu dinheiro, é por você é pela nossa cidade que o meu mandato tem compromisso, é meu dever que esse dinheiro chegue na ponta e eu continuarei fiscalizando.

Vamos mostrar todos os dias quem realmente defende o povo, quem realmente tem interesse na população da cidade de Manaus”, explicou.

Somente texto

Os outros vereadores publicaram apenas textos em suas redes sociais falando sobre o episódio, mas também indicaram a ausência de transparência no PL.

Daniel Vasconcelos escreveu que sempre vota e votará a favor da população. Ele citou o orçamento do Executivo para o próximo ano, os outros empréstimos já autorizados pela CMM. “O povo não merece pagar essa dívida de R$ 600 milhões. Precisamos avançar com responsabilidade, investindo em melhorias para a nossa população e isso é possível sim” escreveu.

Everton Assis fez uma publicação e disparou release, por meio de sua assessoria de comunicação dizendo que alertou a Prefeitura sobre a sua gestão financeira cobrando mais transparência na aplicação de recursos.

O vereador Jaildo Oliveira fez uma publicação na sexta-feira (9), afirmando que o compromisso dele como parlamentar é pelo bem-estar e o progresso da cidade.

“Trabalho incansavelmente para representar os interesses da população, promovendo políticas públicas que melhorem a qualidade de vida, a educação, a saúde e a segurança de todos os manauaras declarou, sem falar diretamente do assunto.

O tucano, Rosivaldo Cordovil que sempre foi da base na Câmara também explicou o seu voto. “Votei contra o empréstimo de R$ 600 milhões porque a transparência é fundamental. Sem informações claras sobre onde esse montante seria investido, não posso apoiar uma decisão tão significativa para o futuro de Manaus”, disse.

A vereadora de primeiro mandato Thaysa Lippy também se manifestou dizendo que o pedido não tinha um plano claro de utilização e que isso era como pedir para a população pagar uma conta sem saber exatamente do que se trata.

“Meu dever é garantir que os recursos sejam usados com transparência e responsabilidade, evitando sobrecarregar desnecessariamente o povo com dívidas mal justificadas. Uma prefeitura que recebe verba do Governo e não conclui o asfaltamento das ruas, que carece de planejamento para organizar ciclovias, demonstra atitudes mal pensadas e uma correria constante para corrigi-las. No final, temos um prefeito Van Gogh, pois tudo se resume a tinta e pintura”, desabafou.

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