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Papa Francisco denuncia perseguição política na Argentina: ‘querem cortar minha cabeça’

O pontífice revelou que prestou um longo depoimento em 2010 sobre as suspeitas de entregar dois padres acusados de ligações com a guerrilha às forças da ditadura

Papa Francisco denuncia perseguição política na Argentina: ‘querem cortar minha cabeça’

Foto: Reprodução / Redes Sociais

Manaus, AM – De acordo com o relato do papa Francisco, enquanto era arcebispo de Buenos Aires, ele foi vítima de perseguição na Argentina. Ele afirma que o governo da então presidente (hoje, vice) Cristina Kirchner teria influenciado pelo menos três juízes para condená-lo por condutas durante a ditadura militar no país, que durou de 1976 a 1983.

O pontífice afirmou que prestou um longo depoimento em 8 de novembro de 2010 sobre as suspeitas de ter entregado dois padres acusados de terem ligações com a guerrilha às forças da ditadura: Orlando Yorio e Ferenc Jalics. Ele negou as acusações e afirma que, anos depois, foi procurado pelos magistrados que afirmaram ter sofrido “pressões” do governo para acusá-lo.

“Alguns do governo queriam cortar a minha cabeça, e não levantaram tanto essa questão do Jalics [de origem húngara], mas questionaram toda a minha forma de agir durante a ditadura”, contou o papa. Segundo Francisco, a oitiva durou mais de quatro horas, e um dos juízes teria insistido “muito” no comportamento dele como arcebispo.

“Eu sempre respondi com sinceridade. Mas, para mim, a única questão séria e fundamentada era a do advogado que pertencia ao Partido Comunista. E, graças a essa pergunta, as coisas ficaram claras. No fim, a minha inocência foi provada”, prosseguiu o pontífice.

Francisco afirma que, quando trabalhava em um bairro de Buenos Aires, havia uma célula de guerrilha. No entanto, os dois jesuítas sequestrados não tinham nada a ver com eles. Eram pastores, não políticos.

“Quando Jalics e Yorio [os dois padres] foram presos pelos militares, a situação na Argentina era confusa, e não estava claro o que deveria ser feito. Fiz o que senti que tinha de fazer para defendê-los. Foi uma situação muito dolorosa”, lembrou o papa.

Quando o papa Francisco foi eleito em 2013, muitos na Argentina criticaram que ele não havia feito o suficiente pelos desaparecidos durante a ditadura. Ele também foi acusado de cumplicidade com os militares.

Apesar de não ter sido condenado, anos depois os juízes se encontraram com Francisco para revelar os motivos por trás das longas horas de depoimento, quando ele já havia assumido o cargo mais alto da Igreja Católica. O pontífice afirmou que disse ao juiz que merecia ser punido cem vezes, mas não por isso, e pediu para ficar em paz com essa história. Ele também afirmou que outro dos três juízes lhe disse claramente que havia recebido indicações do governo para condená-lo.

(*) Com informações do Metrópoles

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