Manaus, AM – O Coletivo de Mulheres Apurinã, com raízes na comunidade indígena Kairiku Apurinã, localizada no bairro Mauazinho, na zona Leste de Manaus, tem se destacado pela união de tradição e inovação. Em entrevista no programa Cenas da Vida Amazônica, Jéssica e Francy Apurinã compartilharam a trajetória do coletivo, que, embora exista há mais de 10 anos, recentemente focou no empreendedorismo e na produção de camisas com grafismos pintados à mão de forma artesanal, refletindo, assim, sua rica cultura.
Jéssica ressaltou a importância do respeito pelos anciãos, que são considerados “bibliotecas vivas” da comunidade. “A gente sempre tenta envolver o ancião com as crianças. Temos um espaço de estudo onde as crianças aprendem sobre nossa cultura e língua, e sempre trazemos nossos anciãos para contar histórias e ensinar artesanato”, explicou.
Por sua vez, Francy destacou o papel das crianças no aprendizado de artesanato, utilizando sementes para ensinar os significados e nomes em sua língua materna. “É incrível como as crianças aprendem rápido. Trabalhar com elas é gratificante, porque elas se envolvem e se interessam”, disse Francy.
A origem do coletivo remonta a esforços anteriores para unir a comunidade e preservar a cultura. “Quem diria que a gente estaria hoje aqui? Tudo começou com a liderança do meu pai, que buscou juntar todos na comunidade para não perder nossas tradições”, comentou Jéssica. A formalização do coletivo ocorreu em 2014, com a criação do Espaço de Estudo da Língua Materna e Conhecimentos Tradicionais Indígenas, onde se revitaliza a língua Apurinã e se promovem, de maneira contínua, atividades culturais.
Hoje, o coletivo não só produz camisas, mas também confecciona roupas, como o vestido que Francy usava durante a entrevista, o qual apresenta um grafismo que simboliza a passagem da infância para a adolescência. “Estamos evoluindo e aprimorando nossas técnicas. Cada dia traz novos desafios, mas somos mulheres empreendedoras que acreditam em nosso potencial”, afirmou Francy.
Foto: Norte em Foco
Ademais, as mulheres do coletivo se revezam em tarefas, desde a confecção até a pintura dos grafismos, sempre buscando criar peças de qualidade que reflitam a essência Apurinã. “Nós apanhamos muito no início, mas o importante é que evoluímos e acreditamos em nós mesmas. Não desistimos”, destacou Jéssica.
A força do Coletivo de Mulheres Apurinã reside na valorização de sua cultura e no respeito pelos mais velhos, que sempre tentam transmitir à nova geração a importância da educação e do aprendizado cotidiano. Nesse contexto Apurinã, as crianças são educadas para se tornarem adultas funcionais, respeitando o próximo e reconhecendo o valor do ser humano. Além disso, o coletivo enfatiza o empoderamento feminino como um aspecto crucial, garantindo que as novas gerações cresçam com a consciência de seu papel na sociedade e de suas capacidades.