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Welton Oda

Porque o Sionismo não é bem-vindo na UFAM?

O sionismo tem encarcerado muitas pessoas sem o devido processo legal e com perseguição política

Porque o Sionismo não é bem-vindo na UFAM?

Foto: Reprodução/ Canva

No dia 10 de agosto, a Polícia Federal, convocada pelo Reitor da UFAM, Silvyo Puga, para fazer a segurança de um evento organizado pelo Instituto Ajuricaba, protagonizou uma das mais lamentáveis cenas de abuso de poder, violência institucional e autoritarismo dos últimos anos na instituição, portando fuzis, algemando e prendendo o mestrando Christopher Rocha, agindo com extrema truculência, agredindo outros estudantes.

O Reitor da UFAM, numa convocatória inédita, sem qualquer razão plausível que a justificasse, atendeu ao pedido do Instituto Ajuricaba, que pretendia promover o evento “I Simpósio Ajuricaba de Liberdade na Amazônia”. Nada mais paradoxal! Um evento sobre liberdade na Amazônia, com repressão da Polícia Federal, usando o nome de um dos mais importantes personagens da história indígena amazonense num evento promovido pelo liberalismo burguês mais excludente. No momento do incidente iria ser realizada a palestra “Empreendedorismo em Israel”, com o sionista André Lajst, presidente da ONG StandWithUs (SWU).

De todos os absurdos do episódio, repudiado por toda a comunidade universitária, incluindo nota da Associação dos Docentes da Universidade do Amazonas (ADUA), vamos nos concentrar em falar sobre o sionismo. No Instagram e nas páginas do Instituto Ajuricaba e de André Lajst, além de homens brancos e marombados, com vozes e caras fofas, falando sobre como são pobres vítimas perseguidas pela esquerda, também pode ser visto, fartamente, o mesmo antipetismo bolsonarista que ficou conhecido no país desde a ascensão da extrema direita à Presidência da República.

Isso já dá uma dica sobre o que é o sionismo, ao menos em sua vertente hegemônica. A exemplo do bolsonarismo, do nazismo alemão e do fascismo italiano, o sionismo israelense é também um movimento nacionalista. Um de seus mais importantes pensadores, Theodor Herzl, lançou parte das bases do movimento na obra “O Estado Judeu” (Der Judenstaat). O livro foi um importante encadeador da organização do sionismo que, logo em seguida, em 1897, realiza o I Congresso Sionista Mundial, em Basiléia, na Suíça. A migração de judeus para a região da Palestina, que já se iniciara anos antes, ganha força. A ideia de um Estado Judeu, o estado de Israel, vai se viabilizando.

Lembram da história do Brasil? A lógica foi a mesma. A Palestina era habitada por povos árabes, que foram tratados como se ali não estivessem, como se aquela fosse “terra de ninguém”. Assim, sob orientação de uma política sionista, começaram a ser evacuados de suas terras, obrigados a migração forçada, aglomerados em terras sem fontes de água potável e tendo seu deslocamento altamente vigiado pelo estado de Israel, oprimidos em suas próprias terras, como o são os indígenas desde a chegada dos portugueses, mas numa situação de violência e opressão ainda mais degradantes.

Toda essa força repressiva vem do apoio incondicional que recebem do maior estado terrorista do globo, os EUA, que forneceram armas e muitos outros recursos, inclusive financeiros, para Israel, apoiando sua política genocida no Conselho de Segurança da ONU e em todas as instâncias globais de comércio e política exterior.

Assim, o sionismo, que tem suas vertentes religiosas, política e cultural, que possui divergências internas, tendo até um movimento minoritário de esquerda. É, na prática, o movimento político que comanda a brutalidade e o extermínio de palestinos, incluindo mulheres, idosos e crianças. O sionismo tem encarcerado muitas pessoas sem o devido processo legal e com perseguição política. Israelenses que se recusam a se alistar e cometer as barbáries do exército israelense são presas, palestinos que resistem à violência israelense estão presos, incluindo inúmeras crianças.

A brutalidade do sionismo, levada a cabo pelo governo de Israel é bem conhecida mundo afora, mas muito pouco no Brasil, que tem suas principais redes de comunicação influenciadas pelas grandes redes estadunidenses, o que filtra e censura episódios, vídeos e cenas desta violência cotidiana. O mesmo ocorre nas redes sociais, como o Instagram, o Facebook e o Twitter, sediadas nos EUA.

Longe de tencionar produzir um texto teórico sobre o sionismo, falar de suas vertentes e aspectos religiosos busca-se acentuar aqui o modo como ele se apresenta na prática: a ideologia que promove o extermínio do povo palestino.

 

 

As opiniões e comentários emitidos pelos colunistas não necessariamente refletem a opinião do Portal Norte em Foco.

 

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3 Comentários

1 Comentário

  1. Amyra El Khalili 14/08/23 - 18:28

    Excelente texto! Didático e esclarecedor! O povo da Amazônia são os nossos Palestinos Brasileiros, porque também sofrem as mesmas espoliações de seus territórios violentamente! Contem com nosso apoio e solidariedade Palestina. Com gratidão e admiração! Mabruck! (parabéns, do árabe)!

    • Welton Oda 14/08/23 - 23:21

      É isso, Amyra! Somos também explorados pelo grande capital, comandado pelos EUA e por Israel. É necessário unirmos forças!

    • Nasser Judeh 07/09/23 - 09:43

      Parabéns Professor Welton, excelente a sua exposição.

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