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Welton Oda

Porque o amor transforma o mundo?

Assim, o amor, mesmo que falemos de sua expressão mais desejada, o amor conjugal, o amor romântico, ainda assim, é um sentimento político

Porque o amor transforma o mundo?

Foto: Reprodução/ Canva

Pode ser fofinho, pode ser piegas, político, carnal, paternal, maternal, caridoso, fraterno. Enfim, tudo isso pode ser amor. E tudo isso pode, também, não ser amor. Nada mais duvidoso do que amor de rede social. Nada mais duvidoso do que aquele fogo, aquela paixão avassaladora, aquele amor da cintura pra baixo. Duvidoso? Sim. Falso? Não. O amor não é simples, é bastante complexo, envolve muita coisa: respeito, solidariedade, carinho, paciência, compreensão, vontade, tesão…

E nem precisa encontrar um alguém especial. É possível até ser feliz no amor sendo solteiro. Sozinho não. Poucos adjetivos cabem tão bem quanto mal amado para aquela pessoa ranzinza, de mal com a vida. Mas isso não tem a ver somente com o ato sexual, porque a libido pode ser canalizada de diversas formas. Amor, também, não se restringe a um plano ideal, emocional, amor é concretude. Assim, tem muitas outras coisas que precedem o amor, coisas que, se não forem atendidas devidamente, dificultam a vida amorosa de qualquer um.

Nesse sentido, poucas pessoas assemelham-se, atualmente, ao Padre Júlio Lancellotti, que é alguém capaz de amar a essa gente que tão pouco amor recebe do mundo, gente que eu, você, a maioria da humanidade, em sua vida cotidiana, não move uma palha para apoiar. Ele ama pessoas a quem falta, inclusive, o amor próprio, a quem a vida só ensinou o desamor.

Aliás, vivemos uma verdadeira epidemia de desamor, disseminada, exatamente, por pessoas que se dizem cristãs e cidadãs de bem, que discriminam pessoas por sua sexualidade, religiosidade, cor, classe social. Cristãos que não leram João (4:8), que diz “Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”. Na mesma linha, eu diria: Quem vota em Bolsonaro não conhece a Deus, porque Deus não defende armas, nem violência, nem intolerância, muito menos deseja a morte de pessoas LGBT! Sim, são essas pessoas, muitas, inclusive, lideranças religiosas, que disseminam o desamor pelo mundo, como fez Hitler, em nome de Deus.

“Ah! Já vai misturar política com amor!” Não tem como separar, gente! Em casais, vivemos ouvindo notícias de agressão contra a esposa ou os filhos. Invariavelmente, o agressor votou em quem? Quando homens e até mesmo algumas mulheres defendem a supremacia masculina no lar, adivinha de quem essas pessoas são eleitoras? E mais: é o mesmo padrão das famílias que apoiavam Adolf Hitler.

Por falar em Hitler, essas epidemias de desamor são recorrentes na história da humanidade. Misturam fanatismo religioso e político, e levam grande parte da humanidade a nutrir sentimentos de ódio por seu próximo. São pobres que odeiam pobres, gays que odeiam gays, negros que defendem o nazismo, nordestinos que pagam pau pra sulista, cristãos que odeiam todo o tipo de gente cuja condição existencial se aproxima do próprio Cristo, como imigrantes, negros e pobres.

As três últimas epidemias de ódio tiveram o próprio cristianismo como disseminador: a (nada)Santa Inquisição, o nazifascismo e a atual onda de neonazifascismo que, no Brasil, é representada pelo bolsonarismo. Manaus é uma cidade, atualmente, tomada por ódio, uma das capitais mais violentas do Brasil, com 53,6 homicídios a cada 100 mil habitantes, a capital que mais mata LGBTs no país e registrou, em 2022, 1.041 mortes violentas. É quase redundante dizer que é uma capital de maioria bolsonarista.

Assim, o amor, mesmo que falemos de sua expressão mais desejada, o amor conjugal, o amor romântico, ainda assim, é um sentimento político. Um casal, quando junta seus trapinhos, tem, por trás da união, também um projeto político. Só que amor também envolve sorte e sabedoria. Eu e minha companheira vivemos o momento mais feliz de nossas vidas, a relação mais incrível e amorosa de nossos cinquenta anos. No projeto político de nosso amor está a construção de uma sociedade mais amorosa, justa e alegre. Essa luta move nossa vida e nos moverá até os últimos dias.

Temos amor pra dar e… ops, vender, não! Sabemos que é a luta, a caminhada que move a vida, que nossa caminhada é eterna e que se depender de nós, o ódio não vencerá!

 

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4 Comentários

1 Comentário

  1. Fanuela 10/07/23 - 15:09

    Seu texto deu aquela esquentadinha esperançosa no meu coração, professor. Amei!

  2. Luiz Antonio Nascimento de Souza 10/07/23 - 17:56

    Em uma das muitas canções sobre o AMOR, Djavan canta: “Um amor puro, não sabe a força que tem…”.

    • Welton Oda 25/07/23 - 12:45

      E quando sabe… seguuuura!!

  3. Welton Oda 10/07/23 - 20:55

    Esse povo esquerdopata que não distribui ódio, apesar ser odiada pelos extremistas, merece muito amor nessa vida

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