Se Jesus, pessoalmente, depois de ressuscitar, fosse à região da Cracolândia, em São Paulo e, com todo o seu talento e generosidade, multiplicasse pães, transformasse água em vinho e, além disso, inspirado pelo trabalho do Padre Júlio Lancellotti, distribuísse cobertores e sabonetes para pessoas em situação de rua, seria chamado de comunista, esquerdalha e teria seu trabalho de caridade cristã contestado por algum vereador da extrema-direita paulistana, que proporia uma CPI.

“Na nota fiscal constam 10 pães, como ele alimentou centenas de famintos? E esse vinho? Apareceu de onde? Só um esquerdalha mesmo pra embriagar esses viciados? Não tem tem nota de compra de vinho, com certeza é caixa 2!”, diria o vereador Rubinho Nunes, do União Brasil paulistano.

O mencionado vereador é autor, de fato, de um pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), supostamente para investigar ONGs que trabalham na Cracolândia. O documento apresentado por ele, na verdade, é um instrumento de perseguição ao Padre Júlio Lancellotti e o próprio autor do pedido informou que vai chamar o padre para prestar depoimento. Após essa declaração em veículos de comunicação, quatro colegas vereadores pediram para retirar seus nomes da lista do pedido de CPI. Um dos vereadores, Thammy Miranda, afirmou, em vídeo publicado no Instagram, ter sido vítima de uma grande fake news. Também criticou a politização da CPI por parte do Rubinho Nunes e disse estar do mesmo lado do Padre Júlio, “que está lá para ajudar as pessoas”.

Nisso Thammy, o filho da famosa Gretchen, tem toda razão. Padre Júlio está lá para ajudar, enquanto Rubinho e toda a hipócrita extrema-direita nasceram só para atrapalhar os outros. A exemplo do inútil inelegível, que só serve para passear de jet sky e fazer motociata, os vereadores da extrema-direita paulistana, como em todo o mundo, não gostam de trabalho assistencial, de gestos humanitários, porque preferem políticas de extermínio, de genocídio. São Paulo, aliás, é uma cidade em que os governantes mandam retirar cobertores e outros objetos pessoais de quem está morando ali, em que a polícia age com truculência e nenhuma política pública séria existe para apoiar estas pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Neste campo também estão os pastores corruptos e milionários que, além de não oferecer qualquer apoio a quem precisa, ainda retiram dos mais pobres o pouco que eles tem. “Fariseus, hipócritas!”, diria Jesus, expulsando-os do templo. Parte dos seus fiéis, idiotizados pelo fundamentalismo religioso, também repelem os mais necessitados e reproduzem a aporofobia típica de um morador da Avenida Paulista.

Por isso, só nos resta, a todos e cada um de nós, apoiar ativamente o trabalho do Padre Júlio Lancellotti, falando abertamente em nossas redes sociais, conversando sobre isso nos grupos de zap da família, no trabalho, nas igrejas, nas feiras. Muitos dos brasileiros são cristãos, mas pouquíssimos o são, de fato, como o Padre Júlio, no cotidiano, na ação e no coração, no convívio com os que mais necessitam. Poucos de nós teriam a coragem de realizar sequer uma ínfima parte de seu trabalho.

Padre Júlio Lancellotti é cristão não somente porque reza e acredita em Deus, Padre Júlio é cristão porque age como Jesus Cristo.

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