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Welton Oda

A babá, o policial, o advogado e o Bozo

Babás do mundo, uni-vos!

A babá, o policial, o advogado e o Bozo

Foto: Reprodução/ Canva

Num fim de tarde do ensolarado agosto manauara, a Senhora Cláudia Gonzaga de Lima saía do trabalho, cansada, quando teve o desprazer de cruzar o caminho da criatura mais estúpida e abominável com quem já havia tido contato na vida, o policial civil Raimundo Nonato Machado. Ele, que, por já ter protagonizado barraco semelhante em 2010, havia sido, inclusive, demitido da polícia, foi, por forças ocultas, readmitido e habilitado para cometer novos crimes.

O policial, faixa preta do sétimo dan, reconhecido pela Confederação Brasileira de Jiu-jítsu e, também, pela Federação Internacional de Jiu-jítsu, é um dos líderes da academia Nova União, em Manaus. Também foi condecorado pela Câmara Municipal de Manaus (CMM) com a medalha de ouro Alfredo Barbosa Filho, a pedido do vereador Allan Campelo, do Podemos. Após o incidente, a CMM busca revogar a concessão da medalha, a pedido do próprio Allan, o que, convenhamos, não limpa muito a imagem da Câmara.

Pois bem, Cláudia passeava quando foi abordada pela esposa de Raimundo, a aprendiz de pitgirl, Jussana Machado, com impropérios e xingamentos. Não satisfeita, a jiujiteira, discípula e teleguiada, recebia ordens do marido para, também, agredir fisicamente Cláudia, escolhida como saco de pancadas para um treino vespertino informal em seu condomínio.

Cláudia gritou por socorro, mas ninguém fez nada. O policial gritava para ela socar a cabeça, quebrar a cara dela, enquanto sua teleguiada desferia inúmeros socos em sua vítima. Ninguém interferia até que o advogado Ygor Colares, contratante de Cláudia, correu para acudi-la. Para que não se intrometesse no ringue improvisado para o treino de sua esposa, Raimundo Nonato desferiu um soco no advogado, além de passar sua arma, comprada com dinheiro público da contribuinte, para Cláudia, a esposa aprendiz, que atirou na perna de Ygor.

Ygor tentou fugir, mas o show de horrores continuou numa cena que é uma metáfora perfeita da relação da classe média no Brasil com as classes populares, um playground bolsonarista. Ali estavam dois “gados raízes”, seguidores do dementador-mor – o Bozo – e uma plateia em que, com exceção do advogado, nenhuma outra pessoa, nem os eleitores do Amoêdo, nem os autointitulados “progressistas”, interferiram.

Não houve manifestação, nem uma notinha de rodapé de solidariedade à Cláudia no tal condomínio. Ygor não conseguiu nem voltar para casa, dias após o incidente, enquanto o próprio delegado, que registrou o caso, liberou o colega bolsonarista da prisão, mantendo apenas a loura robótica teleguiada encarcerada.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) saiu, intransigente, em defesa do colega, homem, branco, cis. A Federação de Jiu-jítsu pretende banir o policial, mas Cláudia, que não esquecerá jamais o espancamento e a tentativa de assassinato, amedrontada, com a cara toda inchada e cheia de hematomas, segue totalmente desprotegida, dificilmente conseguirá apoio emocional, psicológico e jurídico.

Terá sim, o humilde apoio deste que vos escreve, este que, tantas e tantas vezes na vida, se sentiu, como hoje, impotente diante de tanto banditismo branco burguês, mas que, esperançosamente, percebe que essa gente cava, centímetro, por centímetro, a própria cova. Os entregadores de aplicativo já se uniram para vingar colegas agredidos e humilhados, agora é a vez das babás e empregadas domésticas em geral também se organizarem.

Babás do mundo, uni-vos!

 

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1 Comentário

1 Comentário

  1. amanda 24/08/23 - 06:28

    very good the site I liked it

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