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Miller dos Santos

A armadilha de se ter um político de estimação

Lealdade cega a líderes políticos, mesmo sem interesse na política, destaca perigo para a democracia

A armadilha de se ter um político de estimação

Foto: Norte em Foco

Atualmente, muitas pessoas alegam não ter interesse pela política, mesmo mantendo uma devoção a determinados líderes políticos. Essa aparente contradição evidencia um fenômeno complexo e perigoso: a armadilha de se ter um político de estimação. Nesse contexto, os indivíduos, muitas vezes afastados do debate político formal, acabam sendo influenciados por elementos populistas e extremistas, manipulando suas emoções e resultando em uma lealdade cega, frequentemente desprovida de avaliação crítica e fundamentada.

A estratégia dos políticos para se manterem no poder envolve, muitas vezes, a criação de inimigos imaginários, a propagação de teorias de conspiração e a disseminação de fake news. Este jogo manipulador é reforçado pela polarização política e pela tendência de algumas pessoas se apegarem a um líder como se fosse um ídolo, sem questionar suas ações, propostas ou histórico.

No Brasil, a pluralidade cultural, a diversidade de opiniões e crenças é uma característica marcante. No entanto, grupos organizados, especialmente aqueles com bases religiosas cristãs, muitas vezes adotam uma postura de superioridade moral, buscando converter os não adeptos e estigmatizando aqueles que não compartilham de suas crenças.

Essa influência religiosa na política não pode ser subestimada. Muitos líderes religiosos têm papel ativo na formação de opinião e na condução de eleições, criando uma rede de influência que ultrapassa os limites da esfera política tradicional. A combinação entre religião e política pode resultar em lobbies de interesses estritamente religiosos, afetando decisões que deveriam ser pautadas pelo interesse público.

Além disso, é fundamental ressaltar a importância de uma visão crítica e informada sobre a política e seus atores. O político não deve ser idolatrado, mas sim cobrado e fiscalizado constantemente. A população precisa se envolver ativamente na política, estudar as propostas, avaliar o histórico e o desempenho dos candidatos, e jamais se deixar levar por discursos populistas ou lealdades cegas.

Max Weber, renomado cientista social alemão, enfatiza a separação entre política e ciência, destacando que a política é caracterizada pela irracionalidade e pela influência da paixão, enquanto o cientista deve adotar uma postura neutra, crítica e ser um amante da verdade e do conhecimento científico. Essa distinção ressalta a importância da imparcialidade e da busca pela objetividade na análise política e científica. Essas ideias são cruciais ao discutir a defesa apaixonada de políticos investigados por parte da população, que muitas vezes se baseia em argumentos tolos e emocionais, sem considerar a gravidade e as consequências das ações desses políticos.

Maquiavel, em sua visão sobre o poder, afirma que qualquer um pode chegar ao poder, tendo dinheiro, considerando o homem como fundamentalmente mau, corrupto, ingrato e covarde. Essa perspectiva lança luz sobre a complexidade das relações políticas e a busca pelo poder.

Como destacado em “O Estado é laico, certos políticos, não“, artigo de minha autoria, “a falta do debate e da educação política acaba refletindo na escolha dos nossos representantes, que, apesar de incompetentes e passarem vários anos sem fazer nada significativo, acabam sendo idolatrados, não sendo avaliados pelo trabalho enquanto políticos eleitos, mas por seus discursos direcionados a grupos específicos. É muito comum ver indivíduos utilizando templos e eventos religiosos como palanque político.”

Em suma, a armadilha de se ter um político de estimação representa um perigo latente para a democracia e o progresso social. A conscientização política, aliada à educação cívica e ao engajamento crítico, são ferramentas essenciais para evitar cair nesse cenário de manipulação e garantir uma participação cidadã efetiva e responsável.

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3 Comentários

1 Comentário

  1. JHONE DE SOUZA SOUZA 25/03/24 - 19:45

    Sempre as mesmas caras na eleição política,uns que não fizeram nada no seu mandato,se escondendo por trás de novas promessas

  2. Leandro Nascimento da Silva 25/03/24 - 19:49

    Coisa linda muito bom

  3. Michelle souza de Souza 25/03/24 - 19:51

    Parabéns, continua assim

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