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Marcos Souza

Quantas taças de vinho o governador toma por dia?

Ligeiras notas para não nos esquecermos do ocorrido na pandemia de coronavírus e dos covardes locais desnudados por ela

Quantas taças de vinho o governador toma por dia?

Foto: Canva IA

Há exatamente quatro anos, em março de 2021, padecíamos da maior crise sanitária, política e hospitalar da história do Amazonas. Eles venceram e o sinal está fechado para nós. Passada a agonia mortal do vírus vivido sem aparente fim, temos que admitir enquanto povo amazonense: nos esquecemos dos acontecimentos ocorridos na pandemia de Covid-19. E se não esquecemos de todo, ao menos deixamos de revirar as páginas de um episódio repleto de bizarrices e vilões normalizados.

Sim, evidente, a pandemia não se limitou ao estado do Amazonas, porém, foi aqui que tivemos o mais expressivo rito de incompetência de todo o globo, a ponto de vermos o nosso povo sendo barrados nas portas de hospitais, vendo-nos dependente da doação de cilindros de oxigênio por artistas famosos, vendo os nossos serem enterrados em vala comum e sendo utilizados como experimento por Eduardo Pazuello, ministro do governo Jair Bolsonaro, durante a pandemia, na defendida “Imunidade de rebanho”, somada à tentativa de invalidar a vacina, retrato do negacionismo vivido à época.

Ademais, do nefasto momento político nacional que vivíamos naquele período, de toda corrupção na compra de vacinas e da nojenta imitação com a falta de oxigênio de nossos falecidos, devo me ater às figuras próximas, em especial ao referido covarde-mor, que até então não esclareceu ao povo amazonense a sua questionável conduta durante a pandemia. Falta de oportunidade certamente não foi, pois, inclusive, ele teve a chance de falar publicamente durante a CPI da Pandemia, de se defender perante o povo amazonense, mas, não, ele se recusou a depor, silenciou quando, em luto, carecíamos de justificativas de sua parte.

Carecíamos? Sem dúvidas, carecíamos; ou tudo não passava de um devaneio da oposição? Coincidência ou não, o Ministério Público Federal (MPF) o denunciou aos delitos de dispensa irregular de licitação, fraude a procedimento licitatório, peculato, liderança em organização criminosa e embaraço às investigações, gerando um prejuízo superior a R$ 2 milhões aos cofres públicos, advindo da aquisição superfaturada de  28 ventiladores pulmonares, os tais respiradores comprados por meio de uma importadora de vinhos, respiradores estes que não serviam para atender os pacientes em estado grave.

Palmas! Quarenta e quatro mil palmas para a maior figura política do nosso estado. É inevitável pensar que, se o Amazonas fosse uma monarquia, teríamos visto com descrença e um pingo de ironia a ascensão do bobo-da-corte ao trono de monarca. Surra do sarcástico destino: era ele quem acusava em seu patético programa televisionado os políticos das incompetências que um dia ele assumiria para si.

Mas ele foi reeleito, apesar de tudo, reeleito, e o que explica isso, nossa ignorância ou nosso desejo inconsciente de autodestruição? Haverá os que dirão futuramente que se tratava de um grande político do começo do século XXI, no entanto, haverá também os que, com o dedo indicador em riste, relembrarão a mácula de sua covardia, de sua omissão e de seus atos imperdoáveis com os que se foram.

Por fim, não custa nada relembrar a surra que o bobo-da-corte tomou de Roberto Cabrini, no programa Conexão Repórter, que o deixou acuado, enclausurado em sua própria incapacidade de se defender, como uma criança tentando esconder o seu colchão mijado.

Em um momento oportuno, quando foi capaz de dizer sem muita convicção que “não existe preços superfaturados”, foi logo rebatido por Cabrini, que comparou a compra do Ventilador Stellar 150 Resmed, vendido por R$ 25 mil por revendedores nacionais e internacionais, mas comprado por R$ 104 mil pela sua gestão; admitindo, por fim, um “sobrepreço”, motivado pela urgência do povo amazonense. Como ele é modesto!

Além disso, ao ser questionado por Cabrini sobre a compra dos respiradores na mesma importadora de vinhos, ele rebateu dizendo que realmente a empresa trabalhava com vinhos, mas também atuava no ramo de materiais médicos. O próprio Cabrini destacou na reportagem uma suposta contradição no episódio com o relato de um vizinho da loja, pois, segundo ele, somente após a polêmica é que foi providenciada pela empresa uma placa dizendo que ela também importava os materiais médicos. Enfim, vamos creditar como um boato maldito de vizinhança, apenas.

Rememorar o caos daquele período é cansativo, embora necessário, tudo, até o não dito: as investidas malsucedidas, o contrato com a Nilton Lins, as mentiras calhordas, o atraso no salário dos profissionais de saúde por quatro meses no frenesi da pandemia, as omissões perpétuas, as acusações gravíssimas ignoradas, a censura aos que denunciaram, a, repito, omissão, a omissão que ceifou vidas, vidas que se tornaram cifras para um bobo-da-corte que, lamentavelmente, reina no império amazônida, império de omissos.

Um brinde!

(*) As opiniões e comentários expressos neste artigo são de responsabilidade exclusiva do colunista!

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