Siga nossas redes

Colunista

Helena Dantas

O machismo e a violência política de gênero na política

Reflexão sobre o machismo e o racismo enfrentados por mulheres na política, com destaque para a impunidade e resistência feminina

O machismo e a violência política de gênero na política

Foto: IA

Sabemos que a violência contra a mulher nos espaços políticos é recorrente, acontecendo com frequência alarmante. Comentários imorais, atitudes contraditórias e condutas desrespeitosas fazem parte da rotina de milhões de mulheres que atuam nesses ambientes — mesmo quando elas ocupam cargos mais elevados que os próprios agressores.

Em março deste ano, o senador Plínio Valério afirmou em um evento: “Imagina o que é tolerar Marina [Silva] por seis horas e dez minutos sem enforcá-la.” A frase gerou repercussão nacional, causou revolta entre senadoras e deputadas e levou à solicitação formal de cassação de seu mandato. Surpreendentemente — ou nem tanto — o senador, mesmo ciente da gravidade de sua declaração e do impacto violento que ela teve sobre a ministra Marina Silva, afirmou que não se arrependia. Isso nos leva a uma pergunta inevitável: o que foi feito, de forma justa e concreta, para punir esse crime? A resposta é simples e revoltante: nada. Apesar da existência da Lei nº 14.192/2021, que tipifica a violência política de gênero como crime, nenhuma medida proporcional foi adotada. O senador segue em seu mandato, como se nada tivesse acontecido. Até quando atitudes como essa permanecerão impunes? E até quando a política continuará sendo um espaço hostil às mulheres?

Da mesma forma, o que aconteceu com a ministra Marina também acontece com muitas de nós. É profundamente lamentável que isso ainda ocorra nos tempos atuais.

Entrei na política partidária ciente dos desafios, mas confesso que me surpreendi com a profundidade das barreiras. Sou uma jovem mulher negra nesse espaço — o que me expõe, além do machismo, também ao racismo. Como mulher jovem, sinto que preciso provar minha capacidade duas vezes mais e, ainda assim, não sou tratada da mesma forma. Mesmo tendo total credibilidade, meu valor é constantemente questionado. É como se fôssemos obrigadas a provar nossa capacidade repetidas vezes até termos algum “crédito”. Isso, por sinal, é um tipo de machismo velado, que muitas vezes passa despercebido.

A verdade é que não há respeito. Nós, mulheres, e eu, como jovem mulher, não somos respeitadas. Situações como essa evidenciam o quanto estamos longe de uma política que, de fato, promova a igualdade de participação e voz — direitos que são nossos por justiça e por lei.

Apesar disso, mesmo em um espaço que tenta me afastar, eu permaneço. Permaneço porque essa luta não é só minha: é de todas nós. Sigo firme para que um dia existam mais mulheres como eu na política — e que, juntas, possamos construir um espaço onde todas sejamos ouvidas, respeitadas e representadas.

Leia mais:

1 Comentário

1 Comentário

  1. Leandro Prestes 15/05/25 - 21:17

    Muito bom !!! Total apoio às mulheres nessa luta !!!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

4 × 1 =

Mais em Helena Dantas