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Colunista

Estélio Munduruku

Crianças com Síndrome de Down no Território Munduruku

Crianças Munduruku com síndrome de Down enfrentam falta de acesso à educação devido à falta de preparo das escolas e medo dos pais quanto ao convívio escolar

Crianças com Síndrome de Down no Território Munduruku

Foto: Maristela Cardoso

Cada povo indígena tem suas culturas, línguas e tradições diferentes. Somos indígenas, mas temos nossas diferenças socioculturais. Por isso, é importante conhecer a cultura e a realidade dos nossos povos. Uma questão ainda sem visibilidade é que existem indígenas com diferentes condições especiais, entre elas as condições de saúde e necessidades específicas. Neste artigo, trato da questão da síndrome de Down nos povos indígenas. O artigo traz uma pequena abordagem de crianças Munduruku com síndrome de Down, tendo em vista que é raro ter síndrome de Down em crianças indígenas, mas elas existem em alguns povos.

No caso específico do povo Munduruku da Terra Indígena Kwatá-Laranjal, há a presença de crianças com síndrome de Down no território. Por ser um povo com interação há bastante tempo com a sociedade externa, as crianças têm convivência no seio familiar e na aldeia. Elas também não sofrem preconceito por serem diferentes e nem por suas condições específicas, mas não têm acesso à escola porque seus pais têm medo do convívio com outras crianças indígenas na sala de aula. Além do mais, as escolas indígenas do território não estão preparadas para lidar com o ensino especial de crianças com síndrome de Down. Por isso, as crianças não têm acesso à educação.

Jucilena Cardoso Munduruku é uma das crianças que nasceram com síndrome de Down. Além dela, há mais crianças portadoras no território. Jucilena tem uma vida normal igual a de todo mundo. Ela teve todo o ensinamento que seus pais deram durante sua infância e adolescência. Seus pais tentaram colocá-la na escola, mas entenderam que seu processo de aprendizagem era diferente dos demais e que o ensino escolar não era preparado para o crescimento educacional de Jucilena. Com isso, ela não foi mais para a sala de aula e passou a receber o ensino dos seus pais e irmãos em sua casa. Ela é filha do cacique Manuel Munduruku.

Nesse contexto, a educação escolar indígena tem avançado bastante e também tem feito grandes conquistas no ensino diferenciado indígena. No caso do povo Munduruku, é preciso pensar em uma educação especial indígena inclusiva, integrando também as crianças com síndrome de Down. Que a formação dos professores indígenas possa também ser especializada para lidar com a educação especial. Geralmente, as universidades têm licenciatura intercultural voltada à educação indígena, mas não com olhar para a educação especial inclusiva. O nascimento de crianças com síndrome de Down no povo Munduruku tem aumentado e é preciso ter políticas educacionais para o ensino inclusivo dessas crianças e que elas possam ter visibilidade como qualquer aluno no direito à educação.

Na geração antiga, as crianças ficavam nas suas casas e muito pouco se apareciam. Naquele período, seus pais não sabiam lidar porque se tratava de algo novo, e ninguém tinha acesso à educação e à informação como é hoje. Muitas vezes, as crianças eram excluídas, ficando somente nas casas. Mas é preciso fazer pesquisa e entender mais sobre o ponto de vista genético e cultural. Hoje, esse entendimento tem mudado em nossa sociedade, mas as crianças ainda não têm acesso à educação por não haver um preparo profissional que possa melhor atender à demanda.

Por isso, é importante dar visibilidade para que as políticas públicas educacionais também possam incluir a educação especial indígena na matriz curricular do ensino no território e colocar essa temática em pauta porque é pouco debatida nas aldeias indígenas e na sociedade.

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1 Comentário

1 Comentário

  1. Clique Aqui Para Emagrecer 21/07/24 - 13:06

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