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Estélio Munduruku

19 de Abril deveria ser um feriado nacional

Dia da Consciência Indígena: Reflexões sobre sua importância e a luta dos povos originários

19 de Abril deveria ser um feriado nacional

Foto: Estélio Munduruku

Em tempos sombrios da colonização, nossos povos sofreram grandes perdas históricas, culturais, sociais, territoriais e dizimação de etnias, e até mesmo escravização de trabalho nas fazendas e engenhos. É claro que foram mais de 1500 anos de lutas e perdas de povos que hoje não existem mais, principalmente aqueles que tiveram o contato precoce sem muita alternativa para se defender. O significado das palavras luta e resistência vem da bravura dos nossos ancestrais, e até nos dias atuais segue no mesmo combate de enfrentamento que temos passado em pleno século XXI.

Dia 19 de abril é uma data simbólica, mas não é considerado um feriado nacional de fato como deveria ser. Apesar de ser visível no calendário brasileiro, é dada pouca importância na sociedade como um todo. Nessa perspectiva, entendemos que não é motivo de comemoração, que não é um dia específico de se falar sobre as questões indígenas no Brasil. Tendo em vista que todos os dias nossos povos estão sofrendo pelo direito de ter seus territórios, bem como a invasão das terras demarcadas e o preconceito que é constante em diversos lugares. A discriminação que sofremos está em todos os espaços que ocupamos, seja indígenas isolados, indígenas envolvidos nas sociedades ou indígenas na cidade, temos passado por exclusão racial por ser indígenas.

Por isso, no dia 19 devemos tratar com debates e discussões em todos os ambientes educativos, assim como colocar em pauta a reparação histórica que deveria ao menos estar visível no calendário brasileiro com a cor vermelha. Isso não iria apagar o que a colonização fez com nossos ancestrais e nem o que o Estado vem fazendo nos dias atuais, mas amenizaria o preconceito na sociedade e honraria a memória dos ancestrais e da presença indígena no país. O movimento indígena tem lutado para que essa data venha a ser considerada um feriado nacional, para muitos de nós é um objetivo coletivo e necessário que demarca a resistência e a luta dos povos indígenas.

Contudo, nós, da geração atual, temos alcançado o resultado da luta anterior daqueles que vieram antes de nós. Mesmo que tentem negar nossa presença em diversos espaços, temos usufruído das conquistas dos ancestrais e dos anciãos. Essa luta segue continua passada de geração em geração, e hoje somos a prova desse ensinamento de luta coletiva enquanto jovens indígenas dispostos a honrar nossos povos e transformar a sociedade por meio da ótica indígena. Porque a história contada nos livros escolares não foi escrita por nós, por isso refazer a história na perspectiva originária é mais que necessário.

Portanto, ser indígena é ter orgulho do que somos sem medo de afirmar a nossa identidade porque antes mesmo de termos uma pátria, já tínhamos a nossa própria nação. Lutar é seguir os princípios de resistência da coletividade indígena porque foi assim que chegamos até aqui. Seguimos sempre juntos e andamos em coletivo para fazer o puxirum que queremos de fato na sociedade.”

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