Siga nossas redes

Colunista

Édma Santos

A resistência cultural das comunidades quilombolas

Quilombos preservam tradições culturais e enfrentam desafios relacionados ao racismo, sublinhando a importância da resistência e identidade no Brasil

A resistência cultural das comunidades quilombolas

Foto: Leila Bentes

Nascida e criada em uma comunidade quilombola, exatamente no Quilombo Pacoval, município de Alenquer, vivencio uma realidade diferente, com saberes e culturas extraordinárias. Desde muito pequena, aprendi sobre valores que foram repassados dos meus avós para os meus pais, e dos meus pais para mim.

As comunidades quilombolas têm uma importância imensa! Nelas, guardo conhecimentos e saberes tradicionais passados de geração em geração. Valores e tradições são a base da nossa cultura.

“O Brasil é Quilombola, Nenhum quilombo a menos!” — Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).

Aprendi também que, talvez pela minha cor de pele, eu seja vista como inferior em uma sociedade que muitas vezes desacredita pessoas como eu. No entanto, aprendi que posso mudar essa realidade imposta pela sociedade e que devo lutar por lugares que são meus por direito. O preto pode e deve ser professor, doutor, advogado, entre outras profissões. Vivemos em uma sociedade onde pessoas negras são julgadas pela cor da nossa pele. Muitos casos de repercussão mostram quantas pessoas negras são mortas e presas por causas injustas.

Vivenciamos isso no nosso dia a dia; muitas vezes, ao entrar em um comércio com uma mochila, já notamos olhares diferentes, olhares esses que nos julgam como suspeitos. Ou, quando vamos pagar a conta, sempre ficam analisando para ver se não vamos levar nada além do que pagamos. O racismo ainda é explícito. As pessoas negras acabam sendo vistas como minoria por meio da cor da sua pele, ocupando empregos de salário baixo e nos menores cargos. Acabam sendo julgadas pela cor da pele e sempre relacionadas a coisas que não prestam.

“Nós somos O COMEÇO, O MEIO E O COMEÇO. Existiremos sempre, sorrindo nas tristezas para festejar a vinda das alegrias. Nossas trajetórias nos movem, nossa ancestralidade nos guia.” — Antônio Bispo dos Santos (Nêgo Bispo).

O tempo da escravidão, quando o negro tinha que obedecer e ainda apanhava, acabou. Hoje, vivemos uma reviravolta, e me atrevo a dizer que nós também sabemos lutar. Lutar em busca de novos conhecimentos e pelos nossos direitos. Embora não seja fácil, seguimos firmes na luta por melhorias.

Leia mais:

Clique para comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais em Édma Santos