Brasília, DF – Em uma recente entrevista concedida ao portal Brasil 247, o delator Tony Garcia fez graves acusações envolvendo desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Segundo seu relato, os magistrados teriam sido chantageados após participarem de uma polêmica “festa da cueca” com garotas de programa, em um hotel na cidade de Curitiba, Paraná.
Garcia afirma que, em novembro de 2003, o advogado Roberto Bertholdo teria fretado um avião para buscar os desembargadores do TRF-4, levando-os ao estádio Pinheirão para assistir a um jogo da seleção brasileira contra o Uruguai. Após a partida, eles teriam sido conduzidos a um hotel em Curitiba, onde teria ocorrido a mencionada “festa da cueca”. Segundo o delator, a festa foi gravada e o então juiz Sérgio Moro teria obtido poder sobre o TRF-4 ao ter acesso ao vídeo comprometedor.
O relato de Tony Garcia também revela que Sérgio Moro e seu sócio, em posse de dispositivos de gravação escondidos em seus acessórios, como uma câmera em um prendedor de gravata e uma câmera em um relógio, registravam os desembargadores em situações comprometedoras, inclusive, supostamente, recebendo dinheiro. No entanto, o vídeo nunca teria sido divulgado publicamente.
Ao ser questionado pelo jornalista Joaquim de Carvalho, do 247, sobre a localização e a posse do vídeo, Tony Garcia afirmou categoricamente que Sérgio Moro seria o detentor das imagens.
O delator, ainda, revela ter indicado o local onde o vídeo estaria guardado, acreditando que, dessa forma, estaria livre de Sérgio Moro. No entanto, não há informações sobre o que teria sido feito com as imagens.
Tony Garcia também afirma ter se tornado um “agente infiltrado” a serviço de Moro em 2004, após assinar um acordo de delação premiada, e alega ter cometido várias ilegalidades a mando do então juiz, incluindo a chantagem de autoridades.
Segundo informações divulgadas pela revista Veja, o depoimento de Tony Garcia teria sido prestado à juíza Gabriela Hardt, em 2021, na 13ª Vara Federal de Curitiba, mas o caso teria sido posteriormente encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo juiz Eduardo Appio, hoje afastado do cargo. Não há registro oficial sobre a existência do vídeo nos arquivos da 13ª Vara.
Procurado pela Veja, Sérgio Moro negou veementemente as acusações feitas por Tony Garcia, afirmando que o delator é um criminoso condenado por fraude e apropriação indébita, e que ele colaborou com a Justiça gravando seus cúmplices, com autorização legal e supervisão da Polícia Federal. Moro nega qualquer conhecimento sobre escutas clandestinas ou o suposto vídeo envolvendo os desembargadores do TRF-4.
As acusações de Tony Garcia geram grande repercussão e levantam questionamentos sobre a integridade do processo judicial envolvendo o TRF-4, assim como a conduta do ex-juiz Sérgio Moro. As autoridades competentes serão responsáveis por investigar e esclarecer as alegações feitas pelo delator.
(*) Com informações do Metrópoles
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