Manaus, AM – O governador Wilson Lima (UB) tenta manter o que está sendo chamado de “QG do Crime” em pleno funcionamento em Parintins. A Procuradoria Geral do Estado do Amazonas entrou com um mandado de segurança, com pedido de liminar, para romper a decisão da juíza eleitoral Juliana Arraes Mousinho, que tirou a Rocam e o comando da Polícia Militar de Parintins. A decisão também retirou a equipe da Cosama e Armando do Valle da entrega de cestas básicas às famílias atingidas pela estiagem, após a divulgação de vídeos comprometedores. Nessas gravações, membros do alto escalão do governo do estado e das forças de segurança discutem a manipulação do processo eleitoral, incluindo grampos telefônicos, uso da Rocam, crime organizado e até milícias.
O governo estadual argumenta que as provas foram obtidas de forma irregular, sem autorização judicial, e que houve manipulação de material. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) julgará o pedido de liminar nesta quarta-feira (02).
A Procuradoria do Estado tenta desqualificar a decisão da juíza Juliana Arraes Mousinho, alegando que a medida é “desproporcional” e impede a continuidade de outras ações realizadas pelo Governo do Estado, especialmente por meio da Secretaria Estadual de Segurança Pública. Segundo o documento apresentado pela Procuradoria, a operação tem como objetivo combater organizações criminosas, tráfico de drogas, crimes ambientais e outras infrações que ocorrem nas divisões e fronteiras do Amazonas.
Ainda de acordo com a Procuradoria, a decisão judicial coloca em risco a segurança pública. No entanto, o governo omite o fato de que a juíza, na mesma decisão, solicita que a Força Nacional acompanhe o pleito e que o Exército seja responsável pela distribuição das cestas básicas, assim como o aumento do efetivo da Polícia Federal.
Wilson Lima busca anular uma decisão judicial que foi tomada após a divulgação de um dos maiores escândalos eleitorais dos últimos anos no Amazonas. Os vídeos expõem a participação de secretários de Estado, como Armando do Valle, Marcos Apolo, Flávio Antony, Fabrício Barbosa, e de comandantes da Polícia Militar e da Rocam, incluindo Magno Judiss, Jackson Ribeiro e o capitão Guilherme. As gravações revelaram o uso de grampos telefônicos contra assessores do prefeito Bi Garcia, além de operações policiais direcionadas para intimidar pessoas ligadas à deputada estadual Mayra Dias e ao candidato ao prefeito Mateus Assayag.
Nas conversas interceptadas, são especificados esquemas para garantir 80% dos votos para a candidatura apoiada pelo governo, além do uso de milícias, com a contratação de policiais do Pará para atuarem nos 15 maiores colégios eleitorais da zona rural. Também é mencionado o uso de hackers para manipular as conversas obtidas via grampos telefônicos.
Caso o voto do TRE seja pelo retorno das operações em Parintins, estará, na prática, legitimando as ações ilícitas cometidas por agentes públicos do Governo do Estado do Amazonas.
*Com informações da assessoria
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