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Vinicius Medeiros

As crônicas de Alfredo: O Coronel, o Capitão e a Prefeitura

Se a falta de um partido incomoda David, um Harry Potter incomoda muito mais

As crônicas de Alfredo: O Coronel, o Capitão e a Prefeitura

Foto: Reprodução/ Canva

As eleições municipais sempre são uma novela à parte, mas o pleito pela prefeitura da capital do Amazonas parece uma Novela das oito, escrita pelo Manoel Carlos – apenas se difere pela falta de uma Helena. Mas todo o tipo de coisa já aconteceu. O mais comum, analisando o histórico de todos os prefeitos de Manaus eleitos desde 1985, é que o prefeito em exercício troque de partido, cada um com suas motivações e razões, mas quase todos o fizeram em algum momento.

Arthur Virgílio Neto foi o primeiro da fila. Foi eleito prefeito da capital pela primeira vez em 1988 pelo PSB, mas já no ano seguinte migraria para o partido que ajudara a fundar: o PSDB, sendo um de seus filiados até 2022. O próximo foi justamente o saudoso Amazonino Mendes, que o faria duas vezes enquanto ocupava o prédio que fica na esquina entre a Av. Brasil e a Av. Compensa. A primeira vez foi em 1993, durante o primeiro ano de seu segundo mandato. Amazonino, na época, migrou do já extinto PDC para o PPR – atual Progressistas. A segunda vez foi em 2011, durante o seu terceiro e último mandato como prefeito, quando passou do PTB para o PDT. Vale lembrar que o “Negão” fez parte de 9 partidos durante a sua carreira.

Mas o personagem da história de hoje é outro, o que ocupou a prefeitura entre 1997 e 2003, antes de dar lugar a Luís Alberto Carijó. Alfredo Nascimento é um dos prefeitos mais polêmicos da história da capital amazonense, tendo migrado para o PL, ainda, durante a janela partidária para a primeira eleição municipal do novo milênio, em 2000. Filiado e presidente do PL no Amazonas desde então, Alfredo é um clássico exemplo de um político fisiológico, tendo sido Ministro dos Transportes de Lula da Silva e Dilma Rousseff antes de apoiar o impeachment e cair nas graças do bolsonarismo.

Mesmo não sendo mais um político com mandato, não podemos nunca esquecer do poder dos bastidores, onde Alfredo domina como um Rei.

O PL, goste ou não, é a atual casa do bolsonarismo, e numa cidade onde Bolsonaro teve cerca de 62% dos votos, o partido de Alfredo quer a todo custo a prefeitura. Alberto Neto e Alfredo Menezes não são nomes competitivos para 2024, mas quem é? Ora, o atual prefeito, é claro! E David Almeida é o mais novo alvo do partido de Nascimento. E essa, caso se concretize, pode ser uma relação benéfica para ambos.

O Avante é um partido de centro-esquerda nanico, com apenas 7 parlamentares em Brasília, o que garantiria a David um tempo de TV e um orçamento do fundo eleitoral ridículo, e se ele quer se reeleger – e não é segredo para ninguém que ele quer – ele precisa trocar de partido o mais rápido possível e, depois dos cortes que levou do governador Wilson Lima, as opções estão cada vez mais escassas.

Primeiro surgiram às notícias de que ele migraria para o União Brasil, partido do governador que é capitaneado por Pauderney Avelino, mas essa proposta sequer foi considerada seriamente. Depois surgiu a oportunidade de ir para o Progressistas, do vice-prefeito Marcos Rotta, mas que levou um balde de água fria do próprio Wilson. Logo depois surgiram boatos de que o PDT abriu as portas para David, mas seria o mesmo que trocar seis por meia dúzia, mesmo que David e Luiz Castro tenham sido colegas de ALEAM por doze anos. O Partido Liberal pode ser o último bote salva-vidas para David.

Se a falta de um partido incomoda David, um Harry Potter incomoda muito mais. As primeiras pesquisas de intenção de voto para o ano que vem já começaram a sair, mas já podem desenhar um cenário preocupante, pois mesmo liderando as intenções de voto com cerca de 30% (Instituto Paraná), Amom Mandel, mesmo não confirmando se virá como candidato, já conta com cerca de 21%. 9% de diferença. Parece muito, mas lembre-se que quando as primeiras pesquisas para as eleições de 2020 saíram, Amazonino estava na frente com mais de 30% das intenções de voto e David tinha 15%.

A diferença é que David é a bola da vez, e é o seu mandato que estará em julgamento por um período de um pouco mais de três meses. Todos os erros de David e os muitos escândalos de sua gestão serão ressuscitados e, no primeiro e/ou último domingos de outubro, o veredicto de que David deve ficar ou sair será anunciado.

Vejamos até onde essa novela vai.

 

 

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