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Vinicius Medeiros

Pão e Boi

É meio óbvio dizer isso, mas o desenvolvimento do Amazonas, assim como de todo o nosso país, vem através da Educação

Pão e Boi

Foto: Reprodução/ Canva

Chegou a época mais esperada para muitos, em especial para o povo parintinense. O Festival dos Bumbás na Ilha Tupinambarana é, goste ou não, o maior festival cultural do Amazonas – seguramente um dos maiores do Brasil – e gera milhares de empregos na segunda maior cidade do Amazonas. Mas se tem uma coisa que, infelizmente, é fato, é o nosso diferentíssimo Pão e Circo.

Enquanto centenas de amazonenses e outras centenas de pessoas vindas de outros estados e países gastaram uma fortuna para se deslocar para Parintins nesse momento, a vida real é bem mais cruel. Enquanto o governador Wilson Lima envia milhões dos cofres públicos para salvar o Boi-Bumbá Garantido – mais endividado e falido que o Brasil antes do Plano Real – para que eles se apresentem na arena, sendo que esses recursos poderiam muito bem estar sendo repassados para áreas extremamente deficitárias, como a Segurança Pública, a Saúde e a Educação. Infelizmente, o atual governo tem as prioridades erradas.

Apoiar a cultura popular não é errado, mas quebrar uma promessa, enganar professores da rede estadual e tentar fazer parecer que eles são os vilões da história, é! Esse fato ainda deveria estar fresco na memória, mas como alguns têm memória curta, vale a pena a refrescagem: no final do mês de maio houve a greve dos professores, que durou 18 dias. Diversas negociações entre o governo e o SINTEAM – Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas – houveram e, para o encerramento da paralisação, que findou no dia 5/06, o valor dos salários seriam aumentados em 15%. Porém, apropriando-me de uma frase que Eduardo Braga usou em sua campanha para prefeito de Manaus em 2000, “prometer e não cumprir é pior do que mentir”.

Apenas três dias após o fim da greve, o governo deu um “pino” nos professores da rede estadual e afirmou que só poderia reajustar os salários em 8%. Segundo reportagens em diversos veículos de imprensa da capital, o orçamento do governo do Amazonas seria muito mais do que o suficiente para financiar o valor inicial das reivindicações dos professores, ou seja, 25%. Voltar atrás com suas promessas só mostra o quão abjeto o governador Wilson é, e como não é comprometido com os amazonenses.

É meio óbvio dizer isso, mas o desenvolvimento do Amazonas, assim como de todo o nosso país, vem através da Educação. De nada adianta fazer o paisagismo das escolas do Amazonas quando o básico, garantir um ensino de qualidade para os estudantes e um salário decente para os professores, não é feito.

O Amazonas tem diversas deficiências e o governo do estado se omite na hora de saná-las.

O fiscalizador das ações do Executivo estadual é a Assembleia Legislativa, mas ela é tão omissa quanto o próprio governo. Os 24 deputados estaduais não foram eleitos para brincar de salvadores da capivara de influencer, defensores contra os medidores aéreos da Amazonas Energia ou emissores de títulos de “Cidadão Amazonense” para pessoas que sequer moveram um grão de farinha em prol do povo do Amazonas. Eles foram eleitos para nos representar e lutar pelos nossos interesses, e não lutar pelos interesses mais particulares do (des)governo de turno.

Mas, apesar de tudo o que foi apresentado, essa realidade pode mudar. Há algum tempo que um processo pedindo a cassação da chapa Wilson Lima e Tadeu de Souza está tramitando no TRE-AM após alguns pedidos de vista por parte dos desembargadores – grosso modo, é quando os magistrados pedem tempo para revisar a peça – o que deixou o processo mais lento. Em uma perspectiva mais acalorada, podemos ver a nossa segunda eleição suplementar em quase sete anos após o fim da desastrada Era Melo. Vamos ver como serão as coisas daqui para frente nesse nosso Amazonas.

 

 

 

As opiniões e comentários emitidos pelos colunistas não necessariamente refletem a opinião do Portal Norte em Foco.

 

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1 Comentário

1 Comentário

  1. Kamily Cruz 30/06/23 - 15:20

    Super concordo com sua perspectiva, mas, creio também que o Wilso (não estou defendendo) só está ajudando o Garantindo, não só por capricho, mas também por uma perspectiva que se não houver como salvar o festival serão milhares que não iram receber, pessoas que passaram 6 meses se dedicado após o final do carnaval até agora para entregar um espetáculo. Além de prejudicar a economia da cidade. Creio que foi um erro enorme que quem estava responsável pela gestão do próprio, visto todas os acontecimentos, desde quando o galpão pegou fogo. Creio que ele não está errado em ajudar, quem está errado é o gestor que não pediu ajuda antes e poderia ter promovido ações beneficentes e não buscado o estado de última hora, todavia está totalmente certo que é um equívoco muito grande não ter dinheiro para o salário dos professores, mas ter para o festival e outra deverás mais importante, ser uma disputa justa desse festival visto que uma vai receber mais auxílio do governo … Sendo um patrimônio cultural movido pela imparcialidade gerendo competitividade que é realmente o importante … O governo do Wilson está coodenado, sua candidatura também, perdeu o apoio do povo.

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