São Paulo, SP – Após a recente exposição de denúncias contra os proprietários de uma escola particular de educação infantil, localizada no bairro de Cambuci, na zona Sul de São Paulo, surgem relatos assustadores de maus-tratos infligidos às crianças que frequentavam a instituição. Mães e pais ficaram estarrecidos ao descobrirem episódios perturbadores aos quais seus filhos foram submetidos. Entre as ocorrências mais graves, destaca-se o caso da filha da analista financeira Larissa Rodrigues, de 35 anos, que teria sido colocada no centro de uma roda enquanto outros alunos, seguindo instruções dos proprietários, a insultavam.
A filha de Larissa, agora com 8 anos, é descrita como uma criança extremamente sensível e emotiva. Sua mãe relata: “Ela chora quando não compreende uma lição ou simplesmente quando fica nervosa. Isso incomodava os donos da escola, que a hostilizavam.” A descoberta mais chocante veio posteriormente: “Só agora descobri que o diretor a puxava e arrastava pelo capuz do casaco até a sala escura do castigo. Uma vez ficou tanto tempo lá que pegou no sono.”
Larissa também é mãe de um menino de 7 anos, ambos tendo deixado a escola no final do ano passado, quando a mãe descobriu que a direção não havia realizado o cadastro das crianças no sistema da Secretaria de Estado da Educação. “Fiquei muito irritada com isso e resolvi tirá-los da escola, mas nunca poderia imaginar que as crianças eram maltratadas”, revela.
Após o caso ganhar repercussão na mídia, Larissa convocou seus filhos para uma conversa e pediu que relatassem tudo o que se lembravam. “Só então descobri o que acontecia. Estou em choque”, diz. “Você não imagina a dor de ouvir sua filha contar que foi colocada no meio de uma roda para ser xingada pelos colegas. E o amiguinho que não xingasse era colocado de castigo”, acrescenta a mãe, consternada.
O filho de Larissa também relatou que era confinado na sala escura, mas o que mais o marcou foi ser “obrigado” a comer toda a comida do prato. “Se ele não comesse, o diretor abria sua boca à força e colocava toda a comida goela abaixo.”
Até o momento, 12 mães prestaram depoimento às autoridades, todas elas relatando mudanças significativas no comportamento de seus filhos. A polícia ainda desconhece por quanto tempo os maus-tratos ocorriam. Após as denúncias, a escola fechou suas portas na última quarta-feira (21/6).
Nesta sexta-feira (23/6), a polícia solicitou à Justiça a prisão temporária do casal proprietário da escola, além de um mandado de busca e apreensão. Até o momento, nenhum representante da instituição compareceu à delegacia para prestar esclarecimentos.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (23/6), a Secretaria de Estado da Educação expressou veementemente sua posição contrária a qualquer forma de violência, seja ela praticada dentro ou fora das escolas. O órgão ressaltou que a diretoria de ensino da região Centro-Sul instaurou uma averiguação abrangente de todos os relatos e encaminhou o processo de sindicância para a Seduc-SP, onde todas as partes envolvidas serão ouvidas e os documentos minuciosamente analisados. “Após a conclusão, todas as medidas cabíveis serão tomadas”, assegura o comunicado oficial.
(*) Com informações do Metrópoles
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