
Deputados federais Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) - Foto: Reprodução/YouTube
A coletiva concedida pelo deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) após a Operação Galho Fraco teve como eixo principal a tentativa de reduzir o alcance da investigação conduzida pela Polícia Federal e autorizada pelo Supremo Tribunal Federal.
Ao longo da fala, o parlamentar concentrou sua defesa em críticas genéricas à apuração e em explicações fragmentadas sobre a apreensão de dinheiro em sua residência.
Apesar disso, questões objetivas, diretamente relacionadas aos fatos investigados, permaneceram sem esclarecimento. A seguir, os principais pontos que ficaram em aberto após a coletiva.
Imagens do dinheiro encontrado pela PF – Foto Divulgação1. De onde vem a renda para a compra de um imóvel de alto valor?
Sóstenes não explicou a origem dos recursos utilizados para adquirir um imóvel de valor elevado. O ponto chama atenção diante do fato de que, nas eleições de 2022, o deputado declarou possuir pouco mais de R$ 4 mil em bens, sem detalhar como ocorreu a evolução patrimonial posterior.
2. Por que uma venda imobiliária teria sido feita em dinheiro vivo?
O deputado afirmou que os R$ 400 mil apreendidos seriam fruto da venda de um apartamento, mas não explicou por que uma transação imobiliária dessa magnitude teria ocorrido integralmente em espécie, fora do sistema bancário e sem rastreabilidade financeira.
3. Por que os maços de dinheiro estavam lacrados e sem sinais de contagem?
De acordo com a investigação, os pacotes de cédulas encontrados na residência do deputado estavam lacrados. Sóstenes não esclareceu se contou o dinheiro, quem acondicionou os valores ou por que optou por mantê-los dessa forma.
4. Onde ocorreu a entrega do dinheiro e quem participou da operação?
O deputado não informou o local da entrega do dinheiro, quem participou da transação nem quem foi responsável pelo transporte da quantia até o local onde foi apreendida.
5. Por que adquirir um apartamento em Minas Gerais?
Sóstenes mora no Rio de Janeiro, exerce o mandato em Brasília e não possui imóvel residencial em nenhuma dessas cidades. Ainda assim, adquiriu um apartamento em Minas Gerais, sem explicar a finalidade da compra ou a lógica da escolha do local.
6. Por que manter R$ 400 mil em espécie dentro de casa?
O deputado não esclareceu por que optou por manter uma quantia elevada em dinheiro vivo dentro de casa, abrindo mão de rendimentos financeiros e assumindo riscos evidentes, em vez de depositar o valor em uma instituição bancária.
7. Como se explica a movimentação milionária do motorista do deputado?
Sóstenes afirmou que o motorista citado na investigação seria empresário, mas não informou qual é a atividade econômica exercida, nem como se justifica que alguém com movimentação financeira superior a R$ 11 milhões atue como motorista de um parlamentar.
8. Por que um carro pago com dinheiro público era usado por sua filha?
Na coletiva, o deputado afirmou que um veículo alugado com recursos da cota parlamentar era utilizado por sua filha no Rio de Janeiro. A filha não é lotada no gabinete nem exerce função pública, e o uso do bem não foi justificado.
9. Por que a identidade do comprador do imóvel não foi revelada?
Mesmo afirmando que a venda do imóvel foi legal, Sóstenes não revelou quem adquiriu o bem, o que impede qualquer verificação pública mínima da transação.
10. Como a venda já estaria declarada no Imposto de Renda?
Por fim, o deputado afirmou que a venda do imóvel já teria sido declarada no Imposto de Renda, embora não exista exercício fiscal aberto que permita essa declaração no momento. A inconsistência não foi esclarecida.
Lacunas no discurso de Sóstenes
A coletiva de Sóstenes Cavalcante, portanto, não resolveu os principais pontos levantados pela investigação. Ao optar por respostas genéricas, omissões e contradições factuais, o deputado deixou em aberto questões básicas que não dependem de interpretação jurídica, mas de explicações objetivas e documentais.
São lacunas que permanecem registradas e que tendem a ganhar ainda mais peso à medida que o inquérito avance, com a análise de dados bancários, fiscais e telemáticos autorizada pelo Supremo Tribunal Federal.
(*) Com informações do portal ICL Notícias
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