
Foto: Arquivo pessoal
A prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos de origem natural representam um dos objetos da Política Nacional de Recursos Hídricos, estabelecida pela Lei N° 9433/1997 e conhecida como Lei das Águas. A primeira grande cheia no estado do Amazonas aconteceu em 1953 (Figura 1), por outro lado, a primeira grande vazante ocorreu em 1906, de acordo com a série histórica do porto de Manaus iniciada em 1902.
Figura 1 – Maiores Cheias registradas no porto de Manaus.
No Amazonas, em vista das informações levantadas no curso da pesquisa, presume-se o Observatório Meteorológico de Manáos, de 1904, como sendo o primeiro órgão dotado da atribuição de monitorar os eventos climáticos (Figura 2). O período de fundação da referida entidade coincide com a áurea fase da economia da borracha (1890-1910) vivenciada pela capital amazonense.
Figura 2 – Logomarca do Observatório Meteorológico de Manaus.
Interessante que em 1859 (Brasil Império) já se falava em monitoramento hidrológico no Amazonas, conforme descrito no livro Vale do Amazonas, de 1888, de Torquato Tapajós (Figura 3), outro fato curioso: as unidades usadas, tais como palmos, polegadas usadas para acompanhar o movimento de subida e descida do grande rio.
Figura 3 – Amplitiude de subida e descida do Rio Amazonas
A primeira grande cheia ocorrida no estado do Amazonas, conforme registros jornalísticos e série histórica do porto de Manaus da época (Figura 4), aconteceu em 1953. Motivado pelo impacto provocado pelo fenômeno, o presidente Getúlio Vargas, por meio do Decreto Nº 32.702, de 04 de maio de 1953, criou a Comissão Executiva do Socorro às populações atingidas pela enchente do Rio Amazonas e seus tributários, cuja finalidade era prestar auxílio às populações atingidas, doando lhes alimentos.
Figura 4 – Registro de cheia em 1953, em Parintins

Fonte: Comissão Executiva de Socorro as Populações Atingidas pela Enchente do Rio Amazonas e seus Tributários, 1953
De acordo com Waldemar Cardoso, designado pelo Ministério da Agricultura para acompanhar e relatar a situação provocada pela enchente daquele ano e as providências adotadas, cerca de 90% da lavoura e pecuária foram afetados, sendo os municípios de Coari, Tefé, Codajás, Manacapuru, Manaus, Itacoatiara, Itapiranga, Urucurituba, Parintins, Maués, Barreirinha e Borba, Urucará os mais prejudicados. Em decorrência da enchente, cerca de 62.500 pessoas foram atingidas em todo o Estado, onde o setor avícola foi comprometido em 80% e a cultura da juta praticamente destruída com profundo prejuízo para os juticultores. Situação análoga foi vivenciada pelos arrozais de várzea, mandiocais e bananais (CARDOSO, 1953). Naquela época, conforme demonstrado na Figura 5, a preocupação com o uso devido dos recursos públicos era uma realidade, tal qual acontece atualmente.
Figura 5 – Registro jornalístico da cheia de 1953, em Manaus.
A primeira grande vazante do Rio (Figura 6) de acordo com o porto de Manaus, série histórica iniciada em 1902, aconteceu em 1906,o número atingido foi 14,20 metros e existem evidências desse evento; em 1907, o governador Constantino Nery, em sua mensagem de governo (Figura 7), citou a grande vazante e aproveitou o nível baixo do curso de água em 1906 e realizou a construção de alguns faróis (Figura 8) próximo ao encontro das águas (Pedras de Puraquequara), equipamento inclusive funciona até hoje. O trecho em questão oferecia perigo para a navegação, e foi necessário sinalizar o trecho até o porto de Manaus de forma segura, lembrando que em 1906, período áureo da borracha, grandes embarcações escoavam a produção gomífera extraída na região.
Figura 6 – Maiores Vazantes registradas no porto de Manaus/Am
Figura 7 -Mensagem de Governo Constantino Nery
FiFigura 8 – Farol construído durante a vazante de 1906
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