
O relato parece retirado de um livro de história, mas a cena ocorreu em pleno 2025. Na segunda-feira, 17 de janeiro, o vereador Teodoro Adão denunciou uma suposta prática de segregação racial no Núcleo Infantil Cebolinha, em São João Batista.
Durante visita à unidade escolar, ele flagrou uma situação que considerou inadmissível: crianças negras e brancas estavam separadas em salas diferentes. A Secretaria de Educação do município alegou, que houve “problemas nas declarações de raça dos alunos”.
Teodoro Adão esteve na escola na terça-feira, 11 de janeiro, após receber denúncias de familiares de alunos. Ao chegar ao local, deparou-se com uma cena que descreveu como “um tapa na cara”: em uma sala, a maioria das crianças era negra, com apenas uma criança branca; na outra, apenas crianças brancas.

Núcleo Infantil Cebolinha, em São João Batista.
Foto: Divulgação
Segundo o vereador, uma professora se justificou afirmando que “quando chegou no Núcleo já estava separado, e não poderia fazer nada”. Outra educadora admitiu ter percebido a situação, mas optou por manter silêncio para evitar conflitos.
“Estamos em um mundo onde todos devem ser respeitados. Aquilo foi um choque para mim. Tenho filhas negras. Quando cheguei a está cidade, há 20 anos, haviam poucas pessoas. Hoje, somos um polo industrial e recebemos pessoas de todos os lugares”.
O vereador procurou a secretária de Educação, Sandra Albino, para relatar o caso. Ela confirmou o encontro e se comprometeu a apurar as denúncias. No entanto, segundo Teodoro, após a denúncia, os pais foram proibidos de entrar no Núcleo Infantil, o que aumentou o descontentamento.
“Ali é a educação. Não podemos dividir raças. Temos que tratar todos como iguais. Isso é inaceitável”.
O que diz a Secretaria de Educação
A secretária de Educação de São João Batista, Sandra Albino, confirmou que foi informada sobre a situação pelo vereador Teodoro Adão. Segundo ela, o registro da divisão das turmas foi feito no segundo dia de aula e a divisão teria ocorrido de forma aleatória, sem que os professores soubessem quem eram os alunos.
Sandra Albino alega que a divisão das turmas foi realizada com base nos cadastros dos alunos e que o problema foi ocasionado pela falta de declaração de raça nos documentos, informação que é de responsabilidade dos pais no momento da matrícula. Apesar disso, a secretária afirmou que não pretende alterar as turmas sem o consentimento dos pais.
Sobre a denúncia de que os pais foram proibidos de entrar no Núcleo Infantil, Sandra Albino informou que os pais continuam liberados a acessar as dependências da creche, mas que há um controle de entrada para garantir a segurança dos alunos e professores.
Uma reunião entre pais e professores está agendada para a próxima quinta-feira, 20 de fevereiro, para tratar do tema. A decisão de redistribuir os alunos, segundo a Secretaria de Educação, deverá ser tomada pelos próprios pais.
(*) Com informações da VipSocial
