Manaus, AM – Em entrevista ao programa Conexão Política Norte em Foco, o Professor Luiz Antônio, pré-candidato a vereador de Manaus pelo PT, discutiu temas como segurança alimentar, infraestrutura rural, educação e políticas públicas. Ele destacou a importância do diálogo na democracia e criticou a falta de apoio institucional aos trabalhadores rurais, além da atuação dos vereadores alinhados com grupos religiosos.
“Um dos aspectos mais importantes de uma sociedade democrática é a capacidade de dialogar com os outros, especialmente com aqueles que são diferentes de nós,” afirmou o Professor Luiz Antônio. Ele explicou que o partido é uma forma de organização social onde as pessoas se identificam com ideias comuns e se unem para somar forças. O PT, segundo ele, nasceu para defender os trabalhadores urbanos e rurais, mas frequentemente enfrenta rejeição das elites e dos patrões. Além disso, sua maior preocupação é garantir dignidade aos cidadãos, com pelo menos três ou quatro refeições diárias. Ele destacou a necessidade de políticas públicas que assegurem a alimentação, especialmente em Manaus, onde, de acordo com o IBGE, há insegurança alimentar.
O Professor também abordou as dificuldades enfrentadas pela população rural, como estradas esburacadas e a falta de energia elétrica para resfriar produtos agrícolas. Ele denunciou a ausência de assistência técnica aos produtores rurais, que acabam criando frangos sem apoio institucional. Quando esses produtores tentam vender seus frangos na cidade, enfrentam a apreensão dos produtos pela fiscalização por falta de licenciamento. Isso evidencia uma miséria no campo invisível ao Poder Público. Luiz Antônio defendeu que o PT é criticado pelas suas qualidades e pelo que defende, não pelos seus defeitos, que reconhece existirem.
No campo da educação, o Professor Luiz Antônio destacou que a alimentação de qualidade influencia diretamente o rendimento dos alunos. Crianças mal alimentadas não desenvolvem plenamente suas capacidades cognitivas. Ele relacionou o baixo rendimento nas escolas públicas de Manaus à falta de alimentação adequada, transporte público deficiente e à ausência de fiscalização dos vereadores no cumprimento das leis. Muitos preferem agradar ao prefeito em vez de cumprir seu papel.
Comentando sobre a possível pior seca prevista por especialistas, Luiz Antônio alertou que a população urbana de Manaus depende da produção rural para seus alimentos. Ele enfatizou a importância de documentar os moradores rurais, fornecendo-lhes títulos de terra. Em vez de regularizarem a situação dos agricultores, vereadores e deputados estaduais barram esses trabalhadores por falta de licença ambiental. Luiz Antônio criticou a falta de preocupação com os produtores de alimentos, que enfrentam dificuldades no campo sem incentivo ou crédito para investir em seus negócios.
Ainda sobre a questão rural, Luiz Antônio lamentou a ausência de projetos de sucessão rural no estado, que incentivem os jovens a permanecer na zona rural com créditos subsidiados, copiando modelos europeus. Ele destacou a falta de condições para escoar a produção, a insegurança nos ramais e a criminalidade que afeta os produtores. A polícia está distante dessas áreas, agravando a situação.
Por outro lado, o Professor criticou o fato de muitos vereadores eleitos atuarem como extensões de seus grupos religiosos. Isso cria problemas, pois, se um vereador deve obediência a um líder religioso amigo do prefeito, ele acaba se omitindo para não desagradar esse líder. Ele ressaltou a importância de um vereador que cumpra sua função de fiscalizar e garantir que todas as zonas da cidade recebam melhorias de maneira igualitária. Seu desafio como pré-candidato a vereador de Manaus é motivado pela insatisfação com o atual sistema, onde não consegue ver as mazelas acontecendo e ficar de braços cruzados.
Por fim, Luiz Antônio mencionou os moradores de uma comunidade no Tarumã, que gastam valores exorbitantes para se deslocar até Manaus. Ele destacou que o agricultor familiar de Manaus é sufocado com preços altos, sem receber apoio do Poder Público. Ele concluiu reforçando a necessidade de políticas que incentivem e protejam esses trabalhadores essenciais.
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