Dentre as quatro palavras escolhidas para o título de nossa conversa semanal, certamente Aaron é a que deve soar mais estranho, não é mesmo? A começar da pronúncia que causa estranhamento, embora tenha uma versão aportuguesada e bíblica: Arão. Rodriguinho e Isabelle estão na boca do povo e a palavra genocídio ficou mais conhecida depois de ter sido pronunciada pelo Lula, referindo-se à série de assassinatos de mulheres e crianças promovida pelo exército de Israel.
Falemos, primeiro, dos conhecidos personagens Rodriguinho e Isabelle, os “brothers”, como se convencionou chamar os participantes do reality da Globo (embora, Isabelle, claro, seja uma sister). Os ditos personagens protagonizaram uma treta que gerou intensos debates em todo o Brasil. Isabelle aproveitando o programa para divulgar seu trabalho, mas, sobretudo, o Boi-Bumbá de Parintins ou, ao menos, a versão comercial e carnavalesca que se tornou hegemônica nos últimos anos. Já o Rodriguinho é um pagodeiro comum, sem muitos talentos, mas cheio de preconceitos regionais, misógino e com o intelecto limitado como os bolsominions.
E eu com isso? Diria alguém desinteressado pelo Big Brother. E a questão é exatamente essa. A despeito de algumas discussões relevantes que porventura surjam da avaliação do comportamento dos participantes do reality, vivemos, com grande tristeza e consternação, um dos fatos históricos mais importantes dos últimos anos no mundo, que tem gerado tretas bem mais sérias entre Chefes de Estado em relação ao massacre de mulheres e crianças palestinas na Faixa de Gaza, perpetrado pelo exército de Israel sob o comando do sionista Benjamin Netanyahu.
Então, diante de um massacre que já produziu mais de 30 mil vítimas fatais, deixando milhares de crianças órfãs e traumatizadas e mais milhares de pessoas gravemente feridas, as tretas e o cotidiano dos personagens do reality tornam-se fofoca de comadre, parte de uma trama feita para, de fato, desviar a atenção das pessoas do genocídio. Digo isso não por figura de linguagem, porque a Rede Globo, desde o seu início, é uma empresa de matriz estadunidense, a Time Life, que bancou, na década de 1960, o Roberto Marinho para se instalar no Brasil. De lá vem também o próprio Big Brother, como em diversos outros países do mundo.
E quem dera fosse somente esse programa na grade da Globo, o único a tapar o genocídio com a peneira. O telejornalismo global é extremamente pró-EUA e, portanto, produz uma versão bastante enviesada do massacre de palestinos, praticamente transmitindo propaganda israelense e ocultando os horrores cometidos por soldados sádicos contra uma população civil indefesa.
Por isso, enquanto grande parte da população brasileira mal sabe se posicionar sobre a questão palestina e ajuda a disseminar fake news, o jovem aviador estadunidense Aaron Bushnell (25), gravou um vídeo afirmando que não seria mais cúmplice do genocídio, instantes antes de atear fogo ao próprio corpo, afirmando ainda que qualquer sofrimento pessoal que tivesse era pouco diante do que vivenciam os palestinos. A atitude extrema de Aaron tornou-se um dos mais importantes instrumentos de denúncia, um libelo na luta pela libertação da Palestina.
Aaron presente, agora e sempre! Por uma Palestina livre, do rio ao mar!
(*) As opiniões apresentadas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do colunista!
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