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Welton Oda

Não é Centrão, é Direitão!

Vamos reunindo forças, mudando mentes e corações. Nada está perdido!

Não é Centrão, é Direitão!

Foto: Reprodução/ Canva

Foi na França, durante a aprovação da “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, que as pessoas comprometidas com a democracia e a igualdade sentaram-se à esquerda do Presidente da Sessão, “gauche” em francês. Os aristocratas, egoístas, exploradores da pobreza, os “bolsominions” da França renascentista sentaram-se à direita.

Não havia, nessa decisão, um meio termo, um centro. Ou alguém pode ser “tipo” democrata, mais ou menos a favor da igualdade e da justiça social? Na votação, há os favoráveis e os contrários e, obviamente, os que se abstém, mas não existe voto “mais ou menos”. Mesmo na Assembleia Nacional Francesa, aqueles que passaram a serem chamados de “centro”, os integrantes do Partido Monarquiano, sempre estiveram em defesa de seus privilégios, nunca defenderam uma posição intermediária. Aliás, vamos combinar que, pensando num espectro político em que um suposto centro representaria uma posição intermediária entre esquerda e direita, monarquistas certamente, não estariam nessa posição.

No Brasil, do mesmo modo, aquilo que se consagrou chamar “centrão”, classificação que a própria esquerda reproduz, não está sequer próximo de uma posição política intermediária. A quem possa interessar, a própria Wikipédia identifica essa posição nesse grupo político, falando em partidos “conservadores” e “fisiológicos”. Esse grupo político, que topa tudo por dinheiro, se agrupou em 1987, oriundo de partidos apoiadores da ditadura militar, para iniciar seus constantes saques ao erário.

Naquele momento, o Direitão era formado por cinco partidos: PFL, PL, PDS, PDC e PTB, além de segmentos mais conservadores do PMDB. Como em qualquer momento histórico, os maiores ladrões do país sempre estiveram no centrão, diferente do que apregoam versões fantasiosas, difundidas exatamente por eles, de que o PT seria o partido mais corrupto do país. Uma de suas principais lideranças, por exemplo, era Paulo Maluf, um conhecido ex-prefeito paulistano, candidato à presidência do país, apoiado pelos militares e consagrado pelo jeito “rouba, mas faz” de administrar.

Embora Maluf tenha perdido a eleição para Tancredo Neves, ele mal conseguiu assumir, falecendo ou “sendo falecido” antes da posse. Em seu lugar assume José Sarney, um político conservador e corrupto como Maluf que ganhou cinco anos no poder (ao invés de quatro)graças a uma manobra do centrão. Nas duas eleições seguintes, o centrão foi decisivo para eleger Fernando Henrique Cardoso e governar “nas sombras”. Em seguida, aliou-se à Lula e à Dilma, mas uma vez insatisfeito, foi o principal articulador do golpe que culminou no impeachment fajuto que colocou um político do centrão, Michel Temer, no poder.

Acostumados ao vale-tudo, acoplaram-se a Bolsonaro assim que ele chegou à Presidência. Este é um dos motivos pelos quais Direitão é um nome mais apropriado. Os políticos deste grupo são, no fundo, fascistas não assumidos. Há muitas escorregadas discursivas, muitos atos falhos no caminho que revelam isso, falas explícitas de ojeriza a opositores, nojo de pobres, racismo, misoginia. Apesar disso, é necessário, para um grupo político fisiológico, ser palatável, camuflar sua sordidez, seus preconceitos, seu ódio.

“Centrão” é uma expressão que ajuda a tornar essa gente palatável e, inclusive, muito bem votada. A quem interesse pesquisar, vai poder conferir que esse grupo político é, certamente, o responsável, em TODOS OS GOVERNOS desde a redemocratização, quer os considerados de esquerda, quer os de direita, pelos maiores saques ao erário, pelas votações mais calamitosas, mais absurdas, por, no fundo, governar o país a partir dos porões. O DIREITÃO, nas sombras, sempre está presente, atrapalhando o desenvolvimento do país, roubando grande parte do dinheiro público que poderia ser destinado à saúde, à educação e outras áreas essenciais, roubando dinheiro de merenda escolar e da compra de remédios.

No atual espectro político brasileiro fica ainda mais claro o papel de adversários políticos da esquerda, dos movimentos sociais, mesmo quando no papel de base do governo. Arthur Lira, atual Presidente da Câmara, se impôs nesse papel para ser um sabotador, assim como Rodrigo Pacheco, no Senado. Para votar com o governo, abocanha milhões, para sabotar faz de graça e com gosto.

Isso só mostra os duros limites da estratégia da esquerda hegemônica: a conciliação de classes. Nossa âncora precisa ser a mobilização popular, não o Congresso, nem o Judiciário, outro antro da burguesia reacionária. É a força das mobilizações, é o medo que os burgueses devem sentir das massas que impulsionará transformações sociais.

O processo de tornar o país mais justo passa pelas escolas, pelos sindicatos, associações de moradores, partidos de esquerda. Vamos reunindo forças, mudando mentes e corações. Nada está perdido! Tenhamos paciência e inquietação, ao mesmo tempo! O caminho é pela esquerda!

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