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Israel diz que Greta Thunberg e demais ativistas interceptados retornarão a seus países de origem em breve: ‘Show acabou’

Autoridade de imigração israelense informou que os tripulantes devem chegar ao aeroporto Ben-Gurion por volta das 18h no horário local

Israel diz que Greta Thunberg e demais ativistas interceptados retornarão a seus países de origem em breve: ‘Show acabou’

Foto: Reprodução / YouTube

Horas após Israel interceptar, na madrugada desta segunda-feira, a flotilha que se dirigia a Faixa de Gaza com ativistas proeminentes a bordo — incluindo a sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila —, o Ministério das Relações Exteriores israelense afirmou que todos os tripulantes estão em segurança e sem ferimentos. Disse, ainda, que eles seguem ao porto da cidade de Ashdod, no sul de Israel, mas que retornarão a seus países de origem em breve. A autoridade de imigração israelense informou que os ativistas devem chegar ao aeroporto Ben-Gurion por volta das 18h no horário local (12h em Brasília).

O ministro da Defesa, Israel Katz, parabenizou as Forças Armadas de Israel pela operação e instruiu o Exército a exibir aos passageiros um vídeo documentando as atrocidades cometidas pelo Hamas durante o ataque sem precedentes do grupo em 7 de outubro de 2023, quando 1,2 mil pessoas foram mortas e outras 250 foram sequestradas, dando início à atual guerra no enclave palestino. Nas redes sociais, Katz escreveu:

“É mais do que apropriado que a antissemita Greta [Thunberg] e seus amigos apoiadores do Hamas vejam exatamente quem é esse grupo terrorista — o mesmo que eles vieram apoiar e em nome de quem estão agindo — e os horrores que cometeu contra mulheres, idosos e crianças”, disse o ministro israelense em nota.

Pouco antes da declaração de Katz, vários ativistas a bordo relataram que o Exército israelense havia invadido a flotilha. Segundo o site oficial da iniciativa, a Freedom Flotilla Coalition (FFC), o navio estava em águas internacionais no momento da abordagem — aproximadamente 100 km (cerca de 54 milhas náuticas) ao norte do Porto Said, no Egito, e 200 km (cerca de 108 milhas náuticas) a oeste da costa israelense.

O FFC afirmou que as forças de Israel “atacaram” e “abordaram ilegalmente” o navio Madleen, que tentava entregar ajuda humanitária à Gaza, onde mais de 600 dias de guerra e um bloqueio total do Estado judeu à entrada de auxílio, que já dura 11 semanas, aprofundaram a crise de fome entre os 2,1 milhões de habitantes do enclave.

Segundo os ativistas, alarmes soaram no convés quando embarcações navais israelenses se aproximaram do navio. Eles relataram que drones lançaram uma substância branca que teria prejudicado o sistema de comunicação da flotilha e ferido algumas pessoas a bordo. Um vídeo publicado pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel mostra um militar enviando uma mensagem de rádio à embarcação, dizendo que a “zona marítima ao largo da costa de Gaza está fechada”.

“Havia 12 trabalhadores humanitários e ativistas pacíficos a bordo, envolvidos em uma missão civil completamente não violenta”, afirmaram os ativistas em comunicado. “A apreensão do navio, realizada fora das águas territoriais de Israel, constitui uma violação flagrante do direito internacional. A tripulação civil desarmada foi sequestrada”, continuam, pedindo que a comunidade internacional condene a detenção.

Após perder o contato com a embarcação, a FFC começou a publicar vídeos pré-gravados de Greta e de outros ativistas a bordo. A organização também divulgou imagens que mostram os tripulantes com as mãos para o alto dentro da embarcação — o último registro dos ativistas na flotilha antes da intercepção pelas forças do Estado judeu.

— Se você está vendo este vídeo, é porque fomos interceptados e sequestrados em águas internacionais pelas forças de ocupação israelenses ou por forças que apoiam Israel — disse Greta. — Peço a todos os meus amigos, familiares e camaradas que pressionem o governo sueco para garantir minha libertação e a dos demais o quanto antes.

A FFC declarou que Israel agiu com “total impunidade” e afirmou que a carga da embarcação — que incluía leite em pó, alimentos e suprimentos médicos — foi “confiscada”. Israel, por sua vez, informou que os itens serão encaminhados a Gaza por canais humanitários. O ministro da Defesa israelense já havia declarado que impediria a chegada do navio a Gaza, chamando a embarcação de “iate de selfies com celebridades”.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel divulgou uma foto em que uma soldado israelense entrega um sanduíche a Greta e afirma que ela “está a caminho de Israel, segura e de bom humor”, acrescentando que “o show acabou”. O órgão declarou que o grupo “tentou encenar uma provocação midiática com o único propósito de ganhar publicidade”:

“Existem maneiras de entregar ajuda à Faixa de Gaza — elas não envolvem selfies para o Instagram”, acrescentou o ministério. Em outro comunicado divulgado nesta segunda-feira, o órgão classificou as tentativas não autorizadas de romper o bloqueio como “perigosas, ilegais e prejudiciais aos esforços humanitários em andamento”.

Reações

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou uma nota pedindo que Israel liberte os tripulantes detidos pela marinha israelense. No texto, o Brasil faz um apelo para que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza, de acordo com suas obrigações como potência ocupante. E informa que as embaixadas brasileiras na região estão sob alerta para, caso necessário, prestar a assistência consular cabível.

“Ao recordar o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais, o Brasil insta o governo israelense a libertar os tripulantes detidos”, diz a nota do Itamaraty divulgada nesta segunda-feira.

O Ministério das Relações Exteriores da França informou que havia seis cidadãos franceses a bordo do Madleen e que está em contato com as autoridades israelenses para garantir seu retorno. O governo francês já havia alertado os ativistas sobre os riscos da missão. O presidente Emmanuel Macron “solicitou que providências sejam tomadas, o mais rapidamente possível, para o retorno” dos cidadãos franceses.

O Hamas, por sua vez, exigiu a libertação imediata dos ativistas e condenou a detenção em nota, classificando a interceptação como “uma flagrante violação do direito internacional e um ataque contra voluntários civis movidos por razões humanitárias”.

Enquanto o Madleen era levado para Ashdod, cerca de 15 ativistas protestavam na cidade contra a apreensão do navio, publicou a rede americana CNN. Os manifestantes carregavam cartazes com frases como “resistam ao genocídio”, “libertem os ativistas do Madleen agora” e “parem o terror de Estado”. O protesto foi interrompido por um transeunte que gritava em hebraico: “Vocês vivem em Israel”.

Cerco marítimo

O Madleen faz parte da Freedom Flotilla Coalition, organização que se opõe ao bloqueio israelense em Gaza e tenta romper o cerco marítimo por meio de embarcações. A tripulação, que havia tornado pública a localização do navio com um rastreador online, já se preparava para uma possível interceptação pelas forças israelenses. O sinal do rastreador parece ter sido desativado na manhã desta segunda-feira.

— Sabemos que é uma missão de alto risco e que experiências anteriores com flotilhas como esta já resultaram em ataques, violência e até mortes — disse Greta à CNN no sábado.

Israel impôs um bloqueio humanitário total a Gaza em 2 de março, cortando o fornecimento de alimentos, medicamentos e outros itens essenciais para os mais de 2 milhões de palestinos que vivem no território. Diante da crescente pressão internacional, o Estado judeu passou a permitir a entrada limitada de ajuda no final de maio.

Organizações humanitárias, porém, afirmam que a quantidade autorizada representa apenas uma fração do necessário — e alertam para o agravamento da crise humanitária e o risco crescente de fome em larga escala. Um relatório apoiado pela ONU e divulgado no final de abril advertia que uma em cada cinco pessoas em Gaza já enfrentava fome.

Barco com Greta Thunberg e ativistas que seguia para Gaza é interceptado por Israel

Norte em Foco (@norteemfoco.bsky.social) 2025-06-09T23:14:07.573Z

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