Manaus, AM – A crise na saúde pública do Amazonas, especialmente no Hospital 28 de Agosto, localizado na Zona Centro-Sul de Manaus, tem gerado preocupação entre profissionais e pacientes. Uma médica que atua na unidade relatou a situação caótica enfrentada no hospital, que é um dos maiores centros de atendimento de urgência e emergência no estado. Segundo ela, os leitos da unidade serão reduzidos em um terço, o que representa um grande risco para os pacientes que dependem dos serviços do local.
A médica descreveu, em um vídeo, o cenário como desesperador, ressaltando que quem já foi internado no 28 de Agosto sabe o quão difícil é encontrar um leito. Pacientes são frequentemente atendidos em corredores, em cadeiras plásticas e até na sala de emergência, onde a situação é crítica. “É uma luta constante por leitos, temos pacientes em situações extremas, necessitando de reanimação e intubação, tudo isso em condições precárias”, contou. Ela também destacou a falta de antibióticos e o tempo de espera absurdo para procedimentos essenciais, como o cateterismo, que chega a durar meses.
Além disso, a médica criticou a gestão da unidade, que passará a ser administrada pela Organização Social de Saúde (OSS) Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde (Agir), conforme publicação no Diário Oficial do Estado no início de dezembro. De acordo com os médicos e profissionais de empresas terceirizadas que prestam serviços de ortopedia e cirurgia no hospital, a entrada da Agir na gestão tem gerado uma série de problemas, incluindo a redução no número de leitos.
“A gente faz milagres com o que temos. Não temos antibióticos. As pessoas esperam meses por um cateterismo. Quem é meu paciente aqui sabe o quanto se tornou meu amigo, inclusive por tanto tempo que passou internado, esperando por um cateterismo”, disse em vídeo.
Outro agravante é a situação financeira dos profissionais de saúde. Médicos que atuam no hospital relataram que não recebem salários desde setembro, o que tem intensificado a crise e afetado a qualidade do atendimento. A denúncia acontece em um momento de crescente preocupação sobre a gestão da saúde pública no estado.
Além disso, os médicos foram informados que deveriam deixar seus postos de trabalho, com isso agravando ainda mais a situação.
O caos no Hospital 28 de Agosto reflete a precariedade do sistema de saúde do Amazonas, que vive uma verdadeira crise com a escassez de recursos e a sobrecarga dos profissionais, que se veem forçados a lidar com a escassez de equipamentos, medicamentos e até salários em atraso, enquanto tentam manter o atendimento aos pacientes que mais precisam.
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