Manaus, AM – Nas últimas semanas, um motorista tornou-se uma sensação nas redes sociais ao compartilhar um truque supostamente capaz de garantir um litro a mais de gasolina a cada abastecimento. A técnica consiste em esticar a mangueira sobre o veículo durante o abastecimento, aparentemente sem se preocupar com possíveis danos à lataria. No entanto, especialistas e empresas do setor se pronunciaram sobre a veracidade dessa manobra.
A dica viralizada sugeria que, ao deixar a mangueira dobrada após o abastecimento, o motorista “deixaria quase um litro para o dono do posto”, mas será que essa ação realmente proporciona benefícios ao consumidor?
A Raízen foi consultada, a empresa que é licenciada da Shell no Brasil, assim como as empresas fornecedoras de bombas de combustíveis Wayne e Gilbarco Veeder-Root para esclarecer o assunto.
Segundo as empresas, há algum sentido nessa prática, pois a mangueira realmente pode acumular uma pequena quantidade de combustível. No entanto, é importante salientar que o motorista também “recebe” o que sobrou do abastecimento anterior, o que torna a quantidade obtida pela manobra irrisória.
Entender como funciona o fluxo de vazão da bomba é essencial para compreender o contexto. Os tanques de combustível, localizados no solo, são interligados à bomba por meio de um tubo. A bomba, por sua vez, possui um motor que suga o combustível como se fosse um canudo, controlado por uma cabeça eletrônica que encerra o fluxo no volume solicitado pelo cliente. O controle do volume é realizado pelo motor de sucção.
Contudo, a mangueira tem um papel secundário nesse processo, uma vez que a regulação do fluxo é função da bomba hidráulica em conjunto com o bico de abastecimento.
As empresas esclarecem que as mangueiras são construídas seguindo diretrizes rígidas do Inmetro, de modo que não sejam flexíveis e não possam sofrer compressão. Por esse motivo, são reforçadas com uma trama de aço. Ao soltar o gatilho do bico, uma válvula interna interrompe o fluxo de combustível, e o próprio bico possui válvulas internas que impedem o esvaziamento da mangueira.
Com base nos dispositivos internos que impedem o fluxo indevido ou não computado, e considerando a rigidez na construção das mangueiras, as empresas concluem que manter a mangueira esticada ou não não influenciará no volume abastecido.
Portanto, não há comprovação de que esticar a mangueira durante o abastecimento resulte em benefícios para o motorista. A quantidade ínfima de combustível acumulado na mangueira já foi devidamente medida pelo medidor e computada pela eletrônica da bomba, sendo devidamente compensada no abastecimento seguinte. A recomendação é seguir os procedimentos convencionais de abastecimento, sem a necessidade de realizar essa manobra, o que garantirá uma operação segura e de acordo com as especificações dos fabricantes.
(*) Com Informações do UOL