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Welton Oda

Trump é uma vítima?

Ex-presidente Donald Trump, ferido em comício, simboliza a violência armada nos UEA. Atirador republicano revela ironia trágica na defesa fervorosa do armamentismo por Trump

Trump é uma vítima?

Foto: Reprodução/ Redes Sociais

A cena mais comentada da semana na imprensa comercial mundial foi a de Donald Trump, o ex-Presidente dos EUA, com o rosto ensanguentado após um tiroteio num de seus comícios de campanha, em Butler, na Pensilvânia. A versão oficial afirma que Trump foi atingido na orelha por um tiro de fuzil, que teria sido disparado por Thomas Crooks, um jovem eleitor do partido republicano, de 20 anos. Com ele foi encontrado um fuzil AR-15, que é, simplesmente, a arma mais utilizada nas centenas de chacinas ocorridas no país na última década, sendo que mais de 24 milhões de americanos são proprietários deste modelo de fuzil.

É bastante conhecida a defesa que Trump faz do armamentismo. Fato que pouca gente conhece é que ele nem sempre teve essa posição, defendendo, inclusive, no passado, uma legislação mais dura e reguladora para as armas nos EUA. Foi a aproximação com a Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês) que mudou sua posição nesse quesito. A NRA é uma associação bastante tradicional nos EUA, existindo desde 1871.

Em 2016, em campanha, Trump garantiu que apoiaria a NRA, que, em troca, doou cerca de 30 milhões de dólares para sua campanha presidencial. No país campeão de atentados, de mortes por COVID e de tantas mazelas sociais, no país que mais gasta com guerras no mundo, que assassina milhares de pessoas anualmente ao redor do mundo, não se investe em saúde pública, por exemplo. Estadunidenses pagam por qualquer atendimento médico, pagam para parir e até para segurar o bebê recém-nascido no colo. Trump é um dos que mais contribuiu para transformar os EUA numa máquina de matar negros e imigrantes.

De sua boca jorra preconceito social, racial, muita misoginia e fascismo. Tudo isso fez com que Trump fosse uma das criaturas mais odiadas do planeta. E nem por isso, mesmo com todo o ódio que dissemina, não foi da arma de um opositor que saiu uma bala que, pretensamente, atingiu sua orelha, numa cena cinematográfica que só difere do episódio Bolsonaro pela superprodução. Foi de um jovem de direita, um eleitor do partido republicano, um cidadão de bem.

Trump, infelizmente, é um legítimo representante de um país bélico, que venera armas e violência, que coloniza e explora recursos naturais de países ao redor do mundo, mantendo-os na miséria. Trump pode ser qualquer cosa, neste episódio, mas a única coisa que não é e jamais será é vítima de atentado. Como dizemos em português: quem procura, acha!

(*) As opiniões apresentadas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do colunista!

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