Em cada esquina, cada poro desse mundo, a calçada ressecada e suja ou o granito frio e estéril revelam, na riqueza ou na pobreza, a falta do nutriente mais importante para o planetinha: o amor.
O trabalhador, na moto por aplicativo, no busão ou na caminhada para o trabalho, pouco percebe a solidariedade de classe, que seria um bálsamo para enfrentar uma jornada sem sentido, em que vê as energias de sua existência sendo drenadas para enriquecer o patrão ou para encher de mercadorias inúteis o galpão de sua fábrica. Na verdade, nas relações entre os trabalhadores vivem-se mais conflitos do que harmonia. O motorista freia bruscamente e é atingido pelo Uber, que o xinga. O vigilante ralha com o trabalhador na entrada da fábrica pela falta do crachá, o chefe de seção, investido de poder pelo patrão começa o sermão ameaçando a todos de demissão.
Em casa, o pequeno rendimento familiar é disputado por todas e todos, que se lembram de suas necessidades não atendidas a cada dia de pagamento mensal. O sapato do filho, que já tá apertado, a farda escolar da filha, descosturada, a peça da máquina de costura, quebrada, o escapamento da moto, que tá pra cair. Tudo isso, adicionado às demandas do mês que se inicia e que, provavelmente, deverão esperar, como todas as demais, uma sobrinha, um décimo terceiro, um aumento de salário.
Não, meus amores, quando vocês olham um casal ou uma família apaixonada e harmoniosa, não imaginem que dá pra ter uma relação dos sonhos no meio de uma pindaíba. Há um mínimo de dignidade que precisa ser financeiramente atendida, para que a harmonia dê as caras no seu lar. Há, também, outras necessidades que precisam ser satisfeitas antes que o amor, num casal, numa família ou numa comunidade, floresça.
É preciso saber amar! Parece simples, mas cultivar o amor exige alguma sabedoria, para que as relações sociais sejam justas e equilibradas. Amor não combina com injustiça, com desigualdade, com ganância, com egoísmo. E, cá pra nós, até que as alternativas sedimentem na sua cabeça, até que a experiência te faça lidar com situações cotidianas difíceis, até que a gente vá pegando o jeito com as coisas, lidando com os conflitos, é preciso caminhar por uma longa, pedregosa e escorregadia estrada.
Eu falo, é claro, do amor como um sentimento do proletariado, afinal, por todos os requisitos listados no parágrafo anterior, é óbvio que o amor não é um sentimento acessível à burguesia. Em meio à competitividade, à ganância, ao culto e fetichização da mercadoria, não há amor que resista. Na burguesia, o filho processa o pai, os ex-cônjuges tornam-se inimigos mortais, os trabalhadores odeiam o patrão e os vizinhos de condomínio são adversários.
Para o trabalhador, o amor encontra-se na caminhada da construção de uma sociedade socialista, afinal essa é a utopia da multiplicação do amor, da transformação da competição em solidariedade, da divisão do pão, do compartilhamento dos sonhos. Ou alguém aí achou que a cor do amor e a do comunismo são a mesma por mera coincidência? Onde pulsa amor, pulsa revolução!
MARCOS A DOS SANTOS 08/02/24 - 10:09
Muito bom!!!
Viva o Amor!
Viva a Revolução!!
Parabéns.
Grande abraço.
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