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Welton Oda

Curta muito, porque Carnaval é coisa séria!

Neste carnaval, que Deus e Ivete Sangalo nos salvem do apocalipse!

Curta muito, porque Carnaval é coisa séria!

Foto: Norte em Foco

Coisa séria sim, mas calma lá, porque seriedade não é sisudez! Sisudo é todo um sistema de crenças que, atualmente, quer combater o Carnaval, uma festa milenar que, no Brasil, tem sua máxima expressão. Aliás, nem é “o” Carnaval, mas toda uma multiplicidade de festas que, realizadas principalmente em fevereiro, revelam tradições, estudo, elaboração, formação musical, trabalho sério de pesquisa, tecnologia, empregos, ensaios, comércio, artes e cultura.

O período de Carnaval transpira a cultura afro-brasileira, em pequenas e grandes cidades. Diversas destas manifestações envolvem a resistência de povos historicamente oprimidos que, aos trancos e barrancos conservam e perpetuam danças, instrumentos, ritmos, fantasias, valores e história. Outras são mais encharcadas da lógica capitalista, mas, mesmo essas, algumas vezes, possuem elementos revolucionários.

Neste ano, diversos blocos já cantam e clamam pela prisão de Jair Bolsonaro e dos outros golpistas, homenageiam Lula, Xandão, a Polícia Federal, o STF e nossa ainda frágil democracia, defendida por uma maioria de brasileiras e brasileiros, com unhas, dentes e cédula eleitoral. Escolas de samba falam do Rap, arrastando os Racionais em sua folia, outras cantam os Yanomami, seus deuses, sua cultura, enquanto outros povos indígenas são lembrados juntamente com a onça e outros animais da floresta em outra escola, além, é claro, da religiosidade afro-brasileira, com seus orixás, mandingas, batuques, ser tema onipresente.

Na Bahia, em Pernambuco, em grandes e pequenos blocos, seguindo trios elétricos e na grande maioria das capitais nos sambódromos, no quintal das famílias, brasileiras e brasileiros criam marchinhas, sambas de enredo, fantasias originais, enfeitam suas ruas e casas, exigem apoio do Poder Público para a grande festa.

No sábado (7), no Centro de Manaus, na Banda do Jaraqui, formada por militantes que, desde os tempos da ditadura militar, politizam o coreto da Praça da Polícia, uma mulher em situação de rua fazia uma bela e livre coreografia. Era livre e feliz por um instante, pelo instante mágico do Carnaval.

Que ninguém desdenhe da festa, da alegria, da arte em todas as suas manifestações carnavalescas! Há quem veja, no Carnaval, apenas devassidão, alcoolismo, preguiça e indolência. São pessoas tristes e sisudas, sem alegria e, por isso, já acopladas ao sistema. Pois, no Brasil, o direito à festa, o direito à alegria, o acesso à cultura são elementos que poderão contribuir para o pleno restabelecimento da democracia.

Neste carnaval, que Deus e Ivete Sangalo nos salvem do apocalipse! E que após o carnaval, a Polícia Federal e o “toc toc toc” salvem a democracia brasileira e façam o povo explodir em novo Carnaval!

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