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Welton Oda

Alpinistas sociais

O que dizer do dono de mil cabeças de gado e 20 hectares de terra, mas que não contratou nenhum trabalhador?

Alpinistas sociais

Foto: Reprodução/ Canva

“Por isso não adianta

Estar no mais alto

Degrau da fama

Com a moral

Toda enterrada na lama…”

(Mauro Duarte)

 

Tem gente que, assim, externa e, aparentemente, é poderosa, gentil, culta, que passa todo o tempo falando sobre fazer o bem, sobre “vencer na vida”, ao mesmo tempo em que exalta bastante suas próprias qualidades e os motivos pelos quais, segundo ela própria, conseguiu “chegar aonde chegou”. Para um observador mais atento, fica evidente que essa pessoa é uma farsa, ainda quando tem muito dinheiro e status social.

Em nosso mundo, há os que trabalham e, como diria o Zeca Baleiro, os que roubam “o que eu mais valia”, aqueles que são, segundo diria o velho barbudo alemão, os donos dos meios de produção. Essas pessoas, pintadas pelos veículos de comunicação de propriedade de pessoas ricas, como “vencedoras”, “símbolos de sucesso”, “talentosas”, entre outros adjetivos, invariavelmente positivos, na verdade, são ladras. Sim, ladras, como diriam Zeca Baleiro, Marx e tantos outros. O raciocínio pode parecer complexo, mas o fato é que toda a empresa que produz e vende algo, contrata trabalhadores e cada um deles incorpora um pouco do seu trabalho na confecção de tal produto. No resultado final, o dono da empresa fica com a maior parte e o trabalhador não embolsa nem mesmo o que, de fato, valeria o seu trabalho.

Muita gente acha esse roubo algo normal. Vamos, então, a um exemplo extraído de determinado livro que, estrategicamente, ocultarei título e autor. O que dizer do dono de mil cabeças de gado e 20 hectares de terra, mas que não contratou nenhum trabalhador? Pausa dramática! Ele é…? Um simples trabalhador do campo, enquanto alguém que tenha cem cabeças de gado e 10 hectares de terra, mas contrate alguns trabalhadores, é um burguês que explorará o trabalho mal remunerado deles, roubando-lhes a parte que caberia a cada um. No Brasil, paraíso dos mutreteiros e alpinistas sociais, o caso vai mais longe, ao que se chama “condições análogas à escravidão”.

Frequentes são as situações de patrões que não pagam seus empregados, dão pino mesmo, ou pagam menos do que o combinado. Há muitas maneiras de enganar os trabalhadores com relações trabalhistas tão frágeis como no Brasil, como por exemplo, promover descontos indevidos, forçar pessoas a trabalhar além do expediente ou deixar de pagar adicional noturno, tudo em nome da “camaradagem”, porque é assim que os alpinistas agem.

Por hora, fica a dica: esse tipo de gente não merece a moral que a maior parte da sociedade oferece a eles, são canalhas da pior espécie! Além de não dar moral, não imitem esse comportamento, não queiram “chegar lá”, ser mais que os outros, competir demais, pisar nos outros. A escória da humanidade é formada por bilionários, que provocam extrema desigualdade social no mundo, e pior: são idolatrados por muita gente pobre que não vê a hora de fazer o mesmo com os seus semelhantes.

Se você pensa assim, para que tá feio!

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2 Comentários

1 Comentário

  1. Severino Ramos 08/08/23 - 08:31

    É verdade, concordo plenamente com o seu texto. Há muito pobre admirando, quem o tornou necessitado. E pronto para cumprir as ordens do mesmo. Mesmo que essa ordem seja prejudicial a outro pobre como ele. Na verdade, falta educação,além da instrutiva; a solidária.

    • Welton Oda 22/08/23 - 08:13

      Exatamente, Severino! Os valores do capitalismo estão entranhados em todos os poros da sociedade, inclusive, infelizmente, na escola.

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