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Welton Oda

A tragédia gaúcha e a catástrofe climática

Tragédia gaúcha: enchentes e devastação pelo agronegócio desencadeiam crise humanitária; MST inicia campanha de apoio às vítimas

A tragédia gaúcha e a catástrofe climática

Foto: Reprodução/ Internet

Para se ter uma ideia mínima da enchente que o povo gaúcho está enfrentando neste momento, o nível do Rio Guaíba ultrapassou o maior já registrado na história desde 1941, e as chuvas ainda não têm previsão de diminuir. Além de Porto Alegre, outras cidades da região metropolitana e também de outras regiões do Rio Grande do Sul estão enfrentando uma situação catastrófica, com desabastecimento, rompimento de acessos, isolamento geográfico, muitas mortes e desaparecimentos, afetando 497 cidades.

O amigo gaúcho, Professor Valdemir Oliveira, que recentemente retornou da cidade de Santa Maria, onde cursava o doutorado, está aflito com a situação da cidade. Os dois únicos acessos cederam, isolando-a do restante do Estado. A amiga Marilisa Hoffmann, parceira da Caravana da Diversidade, teve que deixar sua casa, atingida pelas águas do Guaíba. Sua aluna, Isabella Parisotto, convidada do evento da Caravana em Manaus, também lamenta diariamente a situação calamitosa de seus familiares e amigos, estando isolada em Manaus e incapaz de retornar para Porto Alegre devido ao fechamento do aeroporto, que está programado para reabrir somente no dia 10.

O Rio Grande do Sul, conhecido por seus movimentos sociais fortes, como o MST, e por suas comunidades indígenas, como os Kaingang, que participaram da pesquisa de TCC da Isabella, está enfrentando um adversário poderoso em seu próprio estado: o agronegócio. Nessa terra de talentos artísticos altamente críticos ao poder do capital, como os escritores Érico Veríssimo e seu filho Luis Fernando, o poeta Mário Quintana, os cantores Kleiton e Kledir e a dupla Tangos e Tragédias, também se desenvolve uma destruição ambiental provocada pelos pecuaristas e plantadores de soja. Eles grilaram, invadiram e destruíram grande parte da região Centro-Oeste do Brasil, estabelecendo seus desertos verdes no Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, e agora estão presentes na Amazônia, onde devastam, como gafanhotos, o estado do Pará e o sul do Amazonas.

O agronegócio do Rio Grande do Sul é, portanto, um algoz do povo gaúcho e deve ser responsabilizado por esta tragédia. Sua ganância impiedosa e sede de destruição são comparáveis à da Vale em Minas Gerais, que destruiu Mariana e Brumadinho, envenenando suas águas, e à de grandes empresas como a Coca-Cola, que se apropria de volumosos mananciais de água potável para transformá-los em seus refrigerantes. Não adianta aderir a empresas do capitalismo verde, como a Natura, cujo modo de produção é igualmente destrutivo, embora seja fantasiado de “ecológico”.

O Secretário-Geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, tem falado insistentemente sobre a catástrofe climática que enfrentamos, alertando os principais países capitalistas para mudarem suas políticas ambientais e econômicas predatórias. Assim como os gaúchos, muitas cidades em todo o mundo têm lidado com eventos climáticos extremos. A tendência, segundo importantes estudos científicos, é que esses eventos se tornem mais graves. A máquina de destruição capitalista é insensível até mesmo aos prejuízos que, certamente, se ampliarão com tantas tragédias e danos estruturais.

As grandes empresas, caso não sejam impedidas, continuarão a esgotar os recursos naturais, revirando a terra em busca dos últimos depósitos de petróleo, cobre, ferro, ouro e estanho, e sugando as últimas gotas de água potável. Elas reservam parte desses recursos para a grande burguesia transnacional, enquanto assistem, satisfeitas, à morte da população mais pobre, que sonham ver extinta.

Manifesto toda a solidariedade ao povo gaúcho, afetado pelo transbordamento do Rio Guaíba e pelas enchentes em todo o Rio Grande do Sul, mas repudio veementemente os criminosos do agronegócio, que exploram impiedosamente o rico solo deste Estado e de tantos outros, pouco se importando com a tragédia humanitária que sua ganância produz.

É hora de apoiar, inclusive emocionalmente, nossos queridos amigos gaúchos, mas mesmo diante da dor que estão vivendo, é momento de lembrar que o pop, o tech, com seus aviões, caminhões e dinheiro, não estão resgatando ninguém, nem enviando cestas básicas ou abrigando vítimas.

O MST, ao contrário, está fazendo campanha em prol das vítimas. Deixo aqui os dados para quem quiser contribuir.

Acesse este link para contribuir com a campanha de doação: https://apoia.se/sos_mst

Informações bancárias:

  • CHAVE PIX: 09352141000148
  • Banco: 350
  • Agência: 3001
  • Conta: 30253-8
  • CNPJ: 09.352.141/0001-48
  • Nome: Instituto Brasileiro de Solidariedade

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