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Welton Oda

A Caravana da Diversidade: a Amazônia na escola

Caravana da Diversidade promove educação decolonial na Amazônia, valorizando saberes locais e memórias bioculturais

A Caravana da Diversidade: a Amazônia na escola

Foto: Norte em Foco - IA

Inicia-se, nesta semana, em Manaus, entre 2 e 5 de maio, um evento intitulado “I Encontro Nacional da Caravana da Diversidade”. O encontro será sediado no Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFAM e na Escola Normal Superior (ENS) da UEA. A organização é do Grupo de Pesquisas em Educação para a Biodiversidade (Diversa), liderado por mim, e reunirá um coletivo nacional formado por nove universidades, num movimento iniciado em Manaus, em 2017.

O coletivo da Caravana da Diversidade tem como idealizadores Alice Pagan (UFMT), Danilo Kato (USP), Fábio Silva (UFOP), Mariana do Valle (UFMA), Marilisa Hoffman (UFRGS) e eu. Resolvemos nos juntar porque acreditamos numa educação decolonial, que precisa ser feita com base nas memórias bioculturais das populações tradicionais e que leve em conta a relação destas pessoas com seus territórios e sua biodiversidade.

Muitos de nós estudaram ou ainda estudam utilizando recursos educacionais que são a cara de alguma região urbana lá da Europa ou das grandes cidades do Centro-Sul do Brasil e, por isso, não falam de linguagens, conhecimentos e práticas da maioria do território brasileiro. Por isso, assim como o estudante gaúcho não vê o mate, a cuia de chimarrão no livro didático, o maranhense não vê o cuchá ou a juçara em nenhuma página e o amazonense não tem a alegria de encontrar um bodó, um jaraqui ou o tucumã ao folhear até mesmo o livro de Biologia.

Assim, o amazonense adora comer o açaí, mas atualmente poucos saberiam preparar essa bebida ou cultivar a palmeira em casa, assim como o tucumã que é comprado na cidade está ausente do quintal da maioria dos quintais. Quem é que, nos dias de hoje, sabe usar uma peconha, subir no açaizeiro, fazer uma canoa? Quem conhece as inúmeras espécies de peixe vendidas nas feiras de Manaus? Quem sabe plantar uma roça? Na hora de falar que a farinha está cara, ninguém sabe como se dá o processo de sua produção. Porque isso não é ensinado na escola. Um processo tipicamente amazônico que está deixando de ser um conhecimento do cidadão nascido neste estado.

Por isso, ao longo dos últimos sete anos, agora contando com as novas parcerias de Evany Nascimento (UEA), RegianiYamazaki (UFGD) e Alberto Montalvão (SEE-MG), reunimos centenas de recursos educacionais abertos no formato de Bionarrativas Sociais (BIONAS) em quase todos os estados brasileiros para disponibilizar para professoras e professores atuantes em nossas escolas por todo o país. Material regionalizado, valorizando saberes locais e memórias bioculturais.

Por que não dá um pulo na UFAM na manhã do dia 2 para conhecer nosso trabalho? Aguardamos você!

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