Na última quarta-feira, 09 de agosto, o jornalista e candidato à presidência do Equador, Fernando Villavicencio, de 59 anos, foi assassinado enquanto saía de um comício na capital equatoriana, Quito. O episódio, envolvendo Villavicencio, escancara a triste realidade dos países latinoamericanos: Neste momento, estão se formando narcoestados dentro das fronteiras e muitos governos não estão fazendo NADA para reagir.
Villavicencio tinha um amplo histórico no combate ao crime organizado. Ele atuou ativamente para escancarar os escândalos envolvendo o ex-presidente Rafael Correa, condenado pela operação Lava-Jato na justiça equatoriana e está “exilado” na Bélgica neste exato momento. O jornalista, também, atuou por muitos anos no combate ao narcotráfico e chegou a ficar exilado no Peru por conta de ameaças.
OUTRAS LIDERANÇAS MUNDIAIS VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA POLÍTICA
- Em 1963, John F. Kennedy, presidente dos Estados Unidos, foi assassinado a tiros em Dallas enquanto desfilava em carro aberto junto com o então governador do Texas, John Connally, que chegou a ser baleado mas sobreviveu. O assassino, Lee Harvey Oswald, chegou a ser preso, porém foi também assassinado, nunca esclarecendo os motivos pelo qual matou Kennedy.
- Em 1994, dois episódios de violência chocaram a comunidade internacional: O assassinato do principal candidato a presidente do México, Luis Donaldo Colosio Murrieta, e a tentativa de acabar com a vida do então príncipe de Gales, hoje Rei Charles III.
- 2005 marcou a vida de George W. Bush, presidente americano entre 2001 e 2009. Enquanto discursava em Tbilisi, capital a República da Geórgia, sofreu uma tentativa de assassinato com granadas, com o pior sendo evitado por agentes do Serviço Secreto dos Estados Unidos.
- 2018 deu o que falar no Brasil: Em 23 de março, a vereadora do Rio, Marielle Franco (PSOL), foi assassinada a tiros a mando das milícias que controlam o Rio de Janeiro após deixar um debate com jovens negras no bairro da Lapa. Além de Marielle, morreu no atentado o motorista Anderson Gomes.
- Ainda em 2018, o então candidato a presidente, Jair Bolsonaro, foi esfaqueado durante uma passeata em Juiz de Fora (MG). O então deputado ficou internado em hospitais tanto em Juiz de Fora quanto em São Paulo por quase todo o período da campanha eleitoral, após ficar em estado gravíssimo. Várias vezes durante o seu governo, Bolsonaro precisou se afastar para tratar das sequelas da facada no intestino.
O NARCOTRÁFICO NAS DECISÕES DE PODER
Após o assassinato do político equatoriano, um grupo criminoso chamado “Los Lobos” assumiu a autoria dos ataques e, na mesma declaração, ameaçou outros políticos que poderiam se opor à eles. É válido lembrar que a relação entre o tráfico e o poder político de um país existiu em diversos exemplos ao longo da história.
No Panamá entre as décadas de 1970 e 1980, um homem foi responsável por transformar aquele país numa narcoditadura. Manuel Noriega foi um ditador sanguinário que perseguiu, torturou e matou seus opositores com requintes de crueldade. Fazia negócios com agências como a americana CIA, com guerrilhas como as FARC e ele próprio utilizava da máquina estatal panamenha para lucrar com a venda de armas e entorpecentes.
Mas nem sempre o tráfico interferiu diretamente no poder estatal.
Pablo Escobar é, até a atualidade, o gangster mais famoso que já saiu da América do Sul. Além de traficante, o “El Patrón” chegou a ser deputado federal na Colômbia. O evento mais lembrado de Escobar quando se trata na interferência no processo eleitoral colombiano é o caso do voo Avianca 203.
Em novembro de 1989, durante as eleições presidenciais na Colômbia daquele ano, o candidato César Gaviria faria um comício em Cali, e para isso sua equipe havia reservado assentos no voo 203. Gaviria era um candidato que ameaçava os interesses de Escobar, que havia planejado um atentado: ele descobriu em que voo Gaviria estaria e designou um de seus homens para servir de “homem-bomba” para derrubar o avião. O dia da viagem chegou, porém César Gaviria cancelou na última hora, mas o artefato acabou sendo plantada. Após a decolagem, o dispositivo detonou e o avião caiu nos arredores de Bogotá, matando todas as 114 pessoas a bordo.
Infelizmente, tem se tornado cada vez mais comum a presença da criminalidade na vida pública. Com todos esses exemplos à plena vista, o Brasil não pode se deixar transformar num narcoestado. Nós somos uma República Constitucional, com direitos, deveres e um sistema democrático.
Precisamos reforçar em nosso país os bons exemplos de segurança pública que deram certo ao redor do mundo, para que a criminalidade não transforme o Brasil numa completa ditadura.