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Colunista

Vinicius Medeiros

MANAUS: Uma utopia amazônica

Ano que vem, em 2024, além dos Jogos Olímpicos de Paris, ocorrerão às eleições municipais em todo o Brasil

MANAUS: Uma utopia amazônica

Que sonho seria viver em uma cidade perfeita. Seria maravilhoso viver numa Manaus onde o prefeito, seu gabinete e seus vereadores fossem conscientes das dificuldades que o povo manauense passa diariamente e se dedicassem a resolver esses problemas que atrapalham o cotidiano dos cerca de 2,25 milhões de manauaras que aqui residem. Quem, para fugir do trânsito caótico que todos os dias acontece nas grandes e largas avenidas desta cidade como a Max Teixeira, Constantino Nery, Autaz Mirim e Coronel Teixeira, não gostaria ter uma rota de escape como o há muito tempo prometido “Metrô de Superfície”? Ou quantos não seriam beneficiados se programas mais recentes da PMM, como o tão orgulhosamente anunciado “Asfalta Manaus” fosse, pelo menos, eficiente e transparente? Mas parece que a gestão do prefeito David Almeida e os nossos 41 vereadores têm as prioridades erradas quando se trata de gestão do Município.

Há alguns dias, dois projetos de lei aprovados na Câmara Municipal de Manaus pegaram a população de Manaus de surpresa. O primeiro deles, de autoria do vereador Raiff Matos (DC), institui o “Dia do Conservadorismo” no calendário municipal de feriados no dia 10 de março. O segundo, de autoria do vereador William Alemão (Cidadania), institui o “Dia do Reggae”, a ser comemorado no dia 11 de maio. Somando-se a outras leis que instituem datas “extremamente úteis”, como o “Dia do Heavy Metal”, do ex-vereador Marisson Roger (PP), e o “Dia da Música Gospel”, criação do vereador Joelson Silva (Patriota). Parece que, mesmo ganhando um gordo salário de R$ 19 mil ao mês, a maioria dos nossos 41 parlamentares aparenta não ver motivos para sequer fiscalizar as ações do Poder Executivo, e aqui se destaca o episódio mais recente: A CMM, leniente com as ações da prefeitura, rejeitou, no último dia 14, um requerimento do vereador Rodrigo Guedes (Podemos) que convocaria a secretária municipal de Saúde, Shadia Fraxe, a comparecer na casa legislativa para prestar esclarecimentos sobre a falta de pagamento da data-base dos servidores da SEMSA.

A denúncia contra a secretária iria bem além da falta de pagamento. O gabinete de Rodrigo Guedes observou indícios de defasagem salarial dos servidores da Secretaria de Saúde do Município, desde o ano de 2020, e mesmo assim o plenário da Casa rejeitou o requerimento com 22 votos contrários. Eventos assim, quando a reduzida oposição do parlamento manauara tenta fazer alguma ação contra o executivo, a base de sustentação do governo municipal move céus e terra para poder defender seu líder e seu gabinete. Não há nenhum demérito em ser apoiador ou opositor de um gestor público, desde que isso não aconteça de uma maneira torpe e/ou cega, e nisso alguns de nossos legítimos representantes populares são especialistas.
Uma legislatura ou um governo sério se faz com responsabilidade e consciência de que o poder público sempre está lidando com as demandas daquela comunidade e que devem ser respondidas com a devida seriedade. Esse fenômeno que ocorre hoje na cidade de Manaus elucida bem como o poder público vive em um devaneio, onde problemas como a falta de transparência de programas como o “Asfalta Manaus” e escândalos como o aumento injustificável da tarifa do transporte coletivo da cidade para R$ 4,50 mostram como alguns políticos eleitos nas últimas eleições municipais simplesmente vivem em uma realidade completamente paralela daquela na qual a população de Manaus vive e sobrevive.

Ano que vem, em 2024, além dos Jogos Olímpicos de Paris, ocorrerão às eleições municipais em todo o Brasil. Nós escolheremos o homem ou a mulher que irá chefiar o poder executivo de Manaus até 2028 e, também, os próximos 41 vereadores para o mesmo período. Devemos, desde agora, fazer as devidas reflexões como: em que aspectos a cidade melhorou? Em que ela pode melhorar? Em que aspectos ela piorou? Quem são os responsáveis por essa piora? A mudança que a população quer e merece só ocorrerá quando aquelas pessoas que nós escolhemos para nos representar em um mandato eletivo façam isso de maneira coerente, responsável e, acima de tudo, ouvindo a comunidade que eles estão representando.

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