Siga nossas redes

Colunista

Vinicius Medeiros

As eleições na UEA e a democracia acadêmica

Defender a democracia é defender a liberdade

As eleições na UEA e a democracia acadêmica

Escola Normal Superior. Foto: Arquivo pessoal

Na última terça-feira, 25 de julho, ocorreram às eleições para as coordenações de cursos nas unidades da Universidade do Estado do Amazonas. Apesar de eventuais dores de cabeça logísticas que um processo eleitoral pode gerar, uma coisa é fato: a democracia e a participação popular nas decisões de poder são extremamente necessárias na construção de uma sociedade justa e desenvolvida, e entender como participar disso é fundamental para o desenvolvimento das nossas cidades, nossos estados e do nosso país. A UEA, ao realizar um processo eleitoral e permitir a participação de discentes e docentes na escolha de sua representação, dá um exemplo de democracia e se mostra mais representativa que muitos países “democráticos”.

De tempos em tempos, acontecem as eleições para diversos cargos administrativos na UEA, assim como outras universidades públicas Brasil afora. O cargo eletivo de maior destaque é o de Reitor da Universidade, que na UEA é ocupado pelo Prof. Dr. André Zogahib, eleito em 2022, junto com a Vice-Reitora, Profª. Dra. Katia Couceiro.

A democracia no meio acadêmico é algo relativamente recente, principalmente na eleição das diretorias das unidades, e na UEA não foi diferente. Nos primeiros anos de existência, na Universidade do Estado do Amazonas, era comum que os diretores de escolas como a Normal Superior, a Superior de Tecnologia, a de Direito, por exemplo, fossem indicações pessoais do Reitor de turno, o que com o passar dos anos foi totalmente mudado.

Para a Profª. Dra. Joab Grana Reis, professora de Educação Especial e Psicologia da Aprendizagem na Escola Normal Superior, e que serviu como voluntária durante o processo eleitoral de 25 de julho de 2023, esse é um momento de fortalecer a prática democrática. “Nós passamos por um processo muito delicado quando nós vamos falar de democracia, em relação ao governo anterior, mas nós resistimos. Então esse processo que está acontecendo na universidade é um processo democrático, então todos os alunos podem participar, mesmo que se diga ‘ah, mas é chapa única’, mas nós temos que ir votar por que isso (o voto) está representando o que nós acreditamos e nos trabalhos que serão desenvolvidos no futuro, e eu penso que é esperançar, não no sentido da espera, mas no sentido da resistência, do empoderamento, e eu acredito que esse movimento permeia a universidade. Esse é um espaço de lutas, e a gente tem que estar nesse processo sempre […]”.

O presidente do Centro Acadêmico de Letras, Júlio César Rodrigues, disse que “nós vivemos um momento político bem louco na política nacional. Mas no seio acadêmico é muito importante porque a gente escolhe quem representa a gente, os nossos ideais como alunos e até como funcionários, porque os funcionários administrativos também podem votar, e é importante porque a gente realmente pode ver e criar uma expectativa de que as coisas podem melhorar e que elas podem ser transformadas e renovadas, e esse é um direito importante […]”.

Segundo o Prof. Me. Francisco Costa, advogado e professor de Linguística no curso de Letras – Língua Portuguesa, “esse processo eleitoral é um momento, uma oportunidade de estímulo à cidadania, ao exercício do voto e à democracia, e é algo que a democracia tem o dever de trabalhar porque nós tivemos há algum tempo e esperamos reviver isso nunca mais, nós tivemos a nossa democracia sob ameaça, então acredito que propiciar momentos em que a comunidade acadêmica entenda o que é o exercício do voto, a participação política é fundamental, e que você também possa fazer um voto consciente para escolher uma chapa que poderá ser cobrada depois, dentro daquilo que se propôs e das suas propostas apresentadas à comunidade docente e discente, então a universidade também é esse espaço de construção da democracia em que você também tem a oportunidade de expressar o seu ponto de vista e de exercer o seu direito de cidadão e ao voto”.

Todos os entrevistados foram questionados sobre a importância da democracia e da participação coletiva nas decisões de poder no meio acadêmico.

Em um momento onde a democracia brasileira foi posta em cheque, e em determinado momento as sedes dos Três Poderes de nossa República constituída chegaram a ser vandalizadas, uma academia de prestígio como a Universidade do Estado do Amazonas prezar pelo voto é absolutamente louvável.

Embora em duas das unidades da UEA, a Escola Normal Superior e a Escola Superior de Ciências Sociais, as eleições se deram com chapas únicas, nas outras unidades a participação foi mais ampla, com duas chapas disputando a Diretoria e a Coordenação de qualidade das Escolas Superiores de Ciências da Saúde (ESA), Artes e Turismo (ESAT) e Tecnologia (EST).

O processo democrático, diferente do que alguns políticos tentam transparecer, não é um conceito relativo. Muitas pessoas, numa tentativa de romancear a democracia e dar a entender que um povo não está apto para participar das decisões de seu território e coagir esse mesmo povo para prendê-lo numa espécie de autocracia, realizam todo um esquema para desmerecer o pilar mais evidente do jogo democrático: as eleições. Defender a democracia é defender a liberdade.

Leia mais:

Clique para comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais em Vinicius Medeiros