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Colunista

Mirian Brito

Preciso aprender a comemorar as minhas conquistas

Percebo agora que preciso aprender a valorizar e comemorar minhas próprias conquistas, reconhecendo o quanto caminhei e os desafios que superei

Preciso aprender a comemorar as minhas conquistas

Foto: Reprodução/ Canva IA

Fui criada por uma mãe solo, com auxílio da minha família materna e da minha madrinha. Desde criança, tinha em mente que os estudos me levariam a “vencer na vida”. Minha família sempre me incentivou a estudar. Sempre me imaginei uma bancária ou advogada, mas nunca uma professora. Quando estava no ensino médio e me perguntavam que curso eu ia fazer, eu dizia que não sabia o que queria, mas uma coisa que eu não queria era Pedagogia, pois não queria ser professora. Hoje sei que a Pedagogia é um leque de oportunidades. Mas, como o caminho prega peças, terminei o ensino médio em Óbidos, estado do Pará, e fui para Manaus, estado do Amazonas, onde fiz a prova do vestibular da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), mas só fui classificada. Passei um ano em Manaus e depois voltei, pois minha mãe estava doente. Decidi que iria me matricular em uma universidade particular, e assim fiz.

Fiquei em dúvida sobre qual curso escolher. Queria muito estudar Direito, mas não foi possível. Pelo fato de o meu irmão, na época, estudar Letras na UEA e, para melhorar a minha argumentação, escolhi estudar Letras. No entanto, meu sonho na época era estudar Direito. Quando estava no quinto período, uma professora por quem tenho muita estima entrou em contato comigo para eu trabalhar como professora, mas fiquei com receio e achei melhor terminar o curso primeiro. Quando já estava no último período, surgiram várias adversidades e eu estava desanimada. Apesar de acreditar que todo conhecimento é válido, o curso de Letras parecia não me ajudar profissionalmente. Telefonei para minha mãe e disse que não iria estagiar, que não iria mais estudar. Porém, em uma bela tarde, ela chegou à casa da minha madrinha e disse que já tinha falado com o diretor sobre o estágio. A professora com quem eu estagiei foi muito incentivadora, me ensinou bastante e passei a ver a vida de uma professora com outros olhos.

Um dia, enquanto estudava na cama, acabei cochilando e acordei com o toque do telefone. Era minha prima, com quem até então não tinha muito contato e nem tinha o número dela. Ela me fez uma proposta de emprego, que aceitei. Liguei para minha mãe para saber sua opinião, e ela disse que era para eu aceitar, pois nunca tinha visto alguém ligar oferecendo emprego. Fui então à Secretaria de Educação acompanhada do secretário da escola onde eu iria lecionar. Ao chegar lá, me fizeram outra proposta para trabalhar em outra comunidade, pois a área de Letras estava em carência no município. Para isso, precisei de uma declaração de conclusão do curso, o que demorou um pouco. Nesse percurso, peguei Covid; isso foi em julho de 2022. No início de agosto, comecei a trabalhar na comunidade São Lázaro. Foi uma experiência e tanto; a vida de professor é ensinando e aprendendo, e guardo meus alunos no meu coração, mesmo eles não sendo mais meus.

Em 2023, comecei a trabalhar na comunidade Quilombola Muratubinha, onde vivi minha infância e comecei a estudar. Foi também o lugar onde a professora, quando eu estava no quinto período, perguntou se seria possível eu trabalhar, e onde minha prima perguntou se eu queria ser professora. Aqui estou, em julho de 2024. Cada aluno é uma experiência e um ensinamento, cada turma requer um método. Para muitos, sou uma vencedora, mas para mim são apenas obstáculos vencidos. Não sou acostumada a comemorar minhas conquistas; às vezes, fico mais feliz pela conquista dos outros do que pela minha. Sou muito grata a Deus pela minha família e por tudo que Ele me deu.

Percebo agora que preciso aprender a valorizar e comemorar minhas próprias conquistas, reconhecendo o quanto caminhei e os desafios que superei. Celebrar essas vitórias é também uma forma de agradecer e honrar todos que me apoiaram ao longo do caminho. Isso não só reforça a minha autoestima, mas também serve de inspiração para outros que podem estar passando por jornadas semelhantes. Afinal, cada conquista, grande ou pequena, merece ser comemorada.

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3 Comentários

1 Comentário

  1. Ailane Brito 18/07/24 - 09:51

    Sua trajetória é uma daquelas que nos inspiram e trazem motivações. Valorizar suas conquistas é um ato de amor próprio e reconhecimento do seu valor. Continue nesse caminho de autoconhecimento e crescimento, e celebre cada vitória com entusiasmo!
    Parabéns ??????

  2. Nilia Brito 18/07/24 - 11:55

    Você é mais que uma vencedora, você é meu maior tesouro.

    • Ilson Brito 13/08/24 - 10:36

      O vencedor não espera que as coisas aconteçam na sua vida mas faz acontecer, com fé, trabalho e Perseverança…
      Parabéns!
      Isso é só o começo… Deus ainda tem muito mais pra você.

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