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Miller dos Santos

O Estado é laico, certos políticos, não

Nossos representantes não podem atiçar o ódio a minorias por causa do amor ao voto eleitoral

O Estado é laico, certos políticos, não

Foto: Reprodução/ Canva

Você já deve ter se deparado com o ditado popular que diz “não se discute política, futebol e religião”. Muitos adotam isso como uma verdade absoluta, evitando, a todo custo, debater e refletir sobre tais problemáticas.

A falta do debate e da educação política acaba refletindo na escolha dos nossos representantes, que, apesar de incompetentes e passarem vários anos sem fazer nada significativo, acabam sendo idolatrados, não sendo avaliados pelo trabalho enquanto políticos eleitos, mas por seus discursos direcionados a grupos específicos. É muito comum ver indivíduos utilizando templos e eventos religiosos como palanque político.

A interferência religiosa na política fez com que, por exemplo, o ex-presidente da República indicasse um ministro ao STF pelo motivo de, segundo ele, ser terrivelmente evangélico. Dias atrás, a Prefeitura de Manaus cancelou a participação no Casamento Coletivo LGBTQIAPN+, evento que seria realizado em parceria com a Caixa de Assistência dos Advogados do Amazonas, por suposta pressão de grupos de pastores, que servirão como base de apoio na busca por votos evangélicos nas próximas eleições.

De acordo com a nossa Constituição, o Estado é laico, no entanto, a grande maioria dos nossos políticos vive em constante campanha eleitoral com seu público religioso. Nesse contexto, é importante quebrar o paradigma de que não se discute política, futebol e religião, é preciso pensar de maneira crítica, questionar o seu papel como cidadão. Hoje, vemos políticos criando projetos de lei para legitimar uma doutrina religiosa até mesmo em escolas, favorecendo determinada religião em detrimento de outras, além de vários absurdos. O Projeto de Lei N° 183/2023, de autoria de uma deputada estadual do Amazonas, que proíbe a utilização da religião cristã, de forma a promover a ridicularização, satirização e/ou toda e qualquer outra forma de menosprezo ou vilipendiar seus dogmas e crenças, em manifestações sociais, culturais e/ou de gênero, no âmbito da administração pública no Estado do Amazonas, é um exemplo de favorecimento de uma religião em relação a outras.

É preciso consultar os livros de história e relembrar o estrago que ideologias, principalmente cristãs, causaram, pois em dias de intolerância e violência, nossos representantes não podem atiçar o ódio a minorias por causa do amor ao voto eleitoral.

 

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2 Comentários

1 Comentário

  1. Wagner Andrade 17/08/23 - 00:23

    Retrato nu e cru da nossa sociedade, onde políticos são idolatrados e religiões não passam de campos de rebanhos eleitorais.
    Parabéns pelo artigo. E cuidado com políticos, são traiçoeiros.

  2. thaliadearaujobarbosa 18/08/23 - 13:25

    Parabéns amigo! Muita verdade escrita!

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