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Miller dos Santos

As redes sociais e o racismo de cada dia

A liberdade de expressão não pode ser um escudo para disseminar ódio

As redes sociais e o racismo de cada dia

Foto: Norte em Foco

Em um mundo cada vez mais conectado, as redes sociais se tornaram não apenas um espaço de interação, mas também um terreno fértil para a disseminação do ódio racial. Muitas pessoas, sentindo-se protegidas pelo anonimato virtual, despejam seu preconceito, confiando na impunidade que esse ambiente aparentemente oferece.

Ao denunciar atos racistas, frequentemente amparados por filmagens incontestáveis, surge uma tendência perturbadora: a culpabilização da vítima. Alguns argumentam que falar sobre o racismo é o próprio motor de sua existência, ignorando a dura realidade que persiste em cada esquina.

As leis que criminalizam o racismo (Lei 7.716/89) e a obrigação de educação antirracista nas escolas (Lei 10.639) são avanços importantes, mas enfrentam resistência. A sociedade ainda se depara com a falta de consciência e humanidade por parte daqueles que perpetuam o preconceito. Questiona-se como alguns indivíduos, ao serem confrontados com suas atitudes criminosas, refutam a ideia de revisão, amparando-se erroneamente na liberdade de expressão.

Muitos, de maneira descabida, dizem que o racismo apenas existe porque se fala no assunto o tempo inteiro. Nesse contexto, cabe questionar se o silêncio em relação ao crime é a solução. O racismo persiste, não porque falamos sobre ele, mas sim porque é uma realidade diária para muitos. A liberdade de expressão não pode ser um escudo para disseminar ódio, e é crucial criticar a falta de responsabilidade que alguns insistem em atribuir a esse direito.

Em comentários nas matérias jornalísticas que abordam episódios racistas, observa-se frequentemente indivíduos usando perfis fictícios e privados para expressar opiniões ofensivas. Essa “comunidade virtual” acaba reforçando ideias prejudiciais, inclusive com a participação de perfis de pessoas negras que minimizam o ocorrido, o que evidencia como o racismo estrutural está enraizado em nossa sociedade. A ineficácia das denúncias, ao receber respostas que alegam não violação das diretrizes, destaca a urgência de aprimorar as políticas de combate ao racismo nas plataformas online em relação aos comentários nessas matérias.

Portanto, é imperativo repensar nossa abordagem em relação ao racismo nas redes sociais. A liberdade de expressão não pode ser um álibi para a perpetuação do preconceito. A conscientização, educação e denúncia são armas fundamentais nessa luta, visando transformar as redes sociais em espaços de inclusão e respeito, em vez de plataformas para o despejo impune do ódio racial.

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4 Comentários

1 Comentário

  1. Fanuela Vasconcelos 31/01/24 - 09:07

    Uma temática necessária e urgente! O movimento negro agradece e se fortalece!

    • Alessandro Lima 08/02/24 - 20:34

      Nem parece que a origem deste povo foi firmada na mistura de cores e raças, culturas, sonhos, choros, sons e sabores. Tudo passou e nem a educação restou! Até os animais parecem ter mais classe. Só fazem quando é necessário, sem desperdício. Aqueles que desperdiçam são excluídos da seleção naturalmente. Os serem humanos são o contrário.

  2. Luan Pinheiro 31/01/24 - 11:12

    Tecnologia e Responsabilidade – Conceitos que deviam caminhar juntos. o que se vê ,infelizmente, é uma terra sem lei e sem respeito. Texto muito relevante, Parabéns.

  3. Maria Silva 31/01/24 - 12:18

    Texto necessário, com um tema relevante e que merece muito mais atenção de todas as esferas da sociedade. As pessoas procuram um espaço em que possam destilar todo o seu ódio, confiando na impunidade. Vivemos em uma sociedade imatura, que recusa se autoeducar, recusa a educação dos profissionais da Educação, que se escondem por detrás de telas e exaltam os crimes cometidos.

    Seu texto é um pilar a mais na nossa luta.

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