
Imagem gerada por Inteligência Artificial
O pior governador do país se dignou a postar uma foto de peito estufado ao lado do canalha-mor (e preso) com uns dizeres em defesa da liberdade de expressão. Ele, sim, terá ainda muita liberdade a pedir, especialmente a três consoantes do alfabeto: MPF. Uma típica tiazinha do zap, entrevistada na manifestação de domingo, na Ponta Negra, clamou sem muita convicção: “nós temos que buscar essa liberdade de volta”. Na Avenida Paulista, em São Paulo, um patriota postiço, trajando uma camisa verde-amarela estampada com os números 1964, acenava para outro que hasteava uma enorme bandeira do Estado judeu de Israel. Pela politicagem, pela nostalgia, pela religião… Enfim, os bolsonaristas não são mais que solitários lustradores de seu próprio espelho moral.
O bolsonarista é, antes de mais nada, um moralista fissurado em figuras masculinas que esbanjam poder. Os gritos de “imbrochável”, durante a celebração do Bicentenário da Independência, em 2022, talvez seja o ponto mais marcante desse argumento. Tanto há essa fixação masculinista no bolsonarismo, que as mulheres dessa ala assumem para si uma postura sempre inflexível e agressiva: cá temos uma cópia fajuta da Margaret Thatcher. O próprio Bolsonaro disse certa vez, em relação a seus filhos, que “foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”; e quando uma mulher ousa tomar seu protagonismo, ele manda ficar quieta publicamente, como fez com a também presa Carla Zambelli.
Como mencionado, os golpistas sedentos por ditadura suplicam liberdade de expressão. Repito: o rebanho idiotizado, através de uma manifestação em espaço público, de inúmeros perfis nas redes sociais, sem qualquer tipo de repressão policial ou tortura, com bandeiras e camisas em referência à ditadura militar e a uma possível intervenção militar, está solicitando mais liberdade de expressão… Os que acusaram de fraude o sistema eleitoral, acamparam nos quartéis sob a incitação de um golpe de Estado, pediram ao canalha-supremo Trump sanções contra o próprio Brasil, depredaram a sede dos Três Poderes, tramaram o assassinato do presidente Lula e do ministro Alexandre de Moraes, são os que pedem liberdade de expressão.
O diálogo político é inexistente com um bolsonarista quando você se apresenta como opositor. Em Manaus, sobretudo pela tragédia ocorrida durante a pandemia, o diálogo político com um bolsonarista é útil como remover a miopia com uma lixa d’água; daí a importância de (re)educar os mais novos. Isso não significa dizer que todo bolsonarista e direitista são a mesma coisa. Todo bolsonarista é direitista, mas nem todo direitista é bolsonarista. Um direitista expõe uma perspectiva, o bolsonarista, por outro lado, quer aniquilar todas as outras. No entanto, fica notório que quem mais se apresenta ao debate é, contraditoriamente, o bolsonarista. Mas, veja bem, o bolsonarista não sabe debater, sabe mentir e se utiliza de seus preconceitos para se pintar como superior.
Apesar de toda repugnância trazida e cultuada pelo bolsonarismo, não devemos tratar como o maior problema do nosso país. O preso Bolsonaro, os bolsonaristas e o bolsonarismo, pelas suas pautas apelativas e fortuita popularidade, foram usados por uma aristocracia política bem mais abrangente e poderosa, à qual o próprio Lula está hoje submetido até o pescoço. Enquanto nos matamos impiedosamente, a elite política lucra aos montes, pois elas possuem as terras, o grande capital, o aparelhamento estatal, a influência política, o rentismo, os lobbies, os meios de comunicação, as maiores isenções, o sistema garantidor de seu império… O bolsonarismo não passa de um cão-de-guarda que ladra medroso quando vê à sua frente uma toga ornando uma careca.
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