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Aquilombemo-nos!

Aquilombar é lutar pela sobrevivência do povo negro

Aquilombemo-nos!

Foto: Reprodução/ Canva

A partir de 2003, os livros didáticos escolares passaram a ter inserido em seus conteúdos, a história e a cultura africana e afro-brasileira, por ocasião da Lei 10.639/03.

Esta regulamentação configura-se como uma grande conquista do movimento negro brasileiro, luta iniciada antes da Lei Áurea e que durou mais de um século para se tornar uma realidade. Chegou-se a conclusão que o melhor aparelho para se construir uma sociedade com menos desigualdades sociais e mais justa seria a educação.

As crianças e jovens brasileiros começaram a reconhecer suas origens, a conhecer personalidades negras importantes para o país, a entender a cultura em que estão inseridas, entendendo-se.

Hoje já é possível ver resultados significativos da implantação desta política pública, que encontrou espaço e tempo de existência, fazendo seu papel educativo, ainda que precisemos acelerar essa discussão.

Parêntese para reflexão: é preciso, primeiro, letrar racialmente os educadores. O texto da lei observa essa ação, mas sua prática é ainda muito acanhada. Contudo, é grande o número de professores e professoras que não tem acesso à formação continuada sobre a temática e que sequer se apropriaram dos termos adequados para se exercer uma educação antirracista.

Alguns destes termos são quilombo, quilombolas e aquilombamento. Recentemente ocorreu o assassinato de líder de uma religião de matriz africana, liderança, também, de um território quilombola, onde havia um conflito pela posse da terra.

Matriarca do quilombo Pitanga dos Palmares, na Bahia e ex-secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do município de Simões Filho, era conhecida como Mãe Bernadete e passou a vida lutando pelos direitos dos quilombolas.

Os quilombos surgiram como refúgio para negros e negras, que escapavam da repressão durante os 300 anos de escravização no Brasil. Como a função era esconder-se e proteger-se, muitos procuravam locais recônditos e de difícil acesso.

Pelo mesmo motivo, se fazia necessário viver em relação de comunidade e promover uma autonomia para não depender de recursos externos. Estes territórios são exemplos de união, força social e valorização da identidade e pertencimento.

Os moradores dessas comunidades são chamados de quilombolas. Depois da abolição, sem direitos e políticas de integração social, econômica e cultural, grande parte preferiu continuar nestes povoados que foram se formando.

Atualmente, são considerados grupos étnico-raciais, possuidores de trajetória histórica própria, dotados de relações com o território, de resistência e luta contra opressões e do resgate da consideração pelo fator ancestralidade dos povos africanos.

Apenas com a Constituição de 1988, ganharam o direito à propriedade e ao uso da terra em que estavam. Inclusive, também, existe um projeto em votação no moroso congresso nacional brasileiro, de marco temporal para os povos quilombolas.

O quilombo mais lembrado pelos livros de História é o Quilombo de Palmares, localizado em uma região onde hoje é o estado de Alagoas, mas existem muitos outros pelo país.

Em Manaus, o mais conhecido é o Quilombo do Barranco de São Benedito, segundo maior quilombo urbano do Brasil, que fica localizado no bairro Praça 14.

Aquilombar é lutar pela sobrevivência do povo negro. Aquilombar é se juntar, reunir o povo preto, dialogar, buscar direitos, resistir em um pedaço de terra ou ocupando espaços sociais diversos.

Um dos objetivos desta coluna é promover um aquilombamento. Estamos conseguindo. Pessoas se aproximaram. Portas estão se abrindo, E quem sabe, no futuro, a partir deste lugar virtual de fala e de longo alcance, surja um aquilombamento educacional transformador!

 

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1 Comentário

1 Comentário

  1. Formação de professores, mas não podemos esquecer que a maior dificuldade que temos nas escolas públicas, que é o meu caso, é convencer o gestor escolar que é um trabalho em conjunto, não pode ser só meu, nas aulas de história e sociologia na semana do dia 20 de Novembro. Há que ser inserido em todas as disciplinas, num trabalho de fortalecimento. Infelizmente, não está sendo aceito porque acredita-se que racismo não existe no Brasil, é fruto da minha cabeça…

    Doutorado em Comunicação e Semiótica
    ARQUITEXTURA em Lélia Gonzalez – uma educação transformadora…

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