Manaus, AM – As alterações na política de preços da gasolina e do diesel anunciadas nessa terça-feira (16) não serão aplicadas no estado do Amazonas. Isso ocorre porque a Refinaria da Amazônia (Ream), responsável pelo abastecimento do estado, possui sua própria política de preços desde que foi privatizada no ano passado.
A Petrobras deixou claro, por meio de um comunicado, que a nova estratégia comercial para definir os preços do diesel e da gasolina se aplica somente às refinarias pertencentes à empresa. Portanto, isso não se aplica à Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, nem à antiga Refinaria Isaac Sabbá (Reman), atualmente conhecida como Refinaria da Amazônia (Ream).
O Ream foi procurado para saber qual política de preços a refinaria tem adotado e se há expectativa de que o modelo atual sofra alterações em decorrência das mudanças anunciadas pela Petrobras. No entanto, ainda não foi obtida uma resposta pela refinaria.
De acordo com a plataforma oficial da Ream, até a última sexta-feira (12), a gasolina estava sendo vendida por R$ 2,90 na refinaria de Manaus. Esse valor estava abaixo do que a Petrobras vendia (R$ 3,18) até o anúncio de redução dos combustíveis desta terça-feira. Agora, a estatal venderá a gasolina a R$ 2,78, ou seja, mais barato que a Ream.
Marcus Ribeiro, coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro) e crítico da privatização da refinaria, avalia que o anúncio da Petrobras é positivo, porém, não afeta mais o estado.
“Quero ressaltar à população do Amazonas que, infelizmente, a única refinaria do estado, a única refinaria da nossa região [Norte], foi privatizada”, disse para uma emissora local.
Na antiga política, os preços eram influenciados por fatores como frete de navios, logística interna de transporte e taxas portuárias. Além disso, uma margem era adicionada para remunerar os riscos relacionados à operação, como a volatilidade da taxa de câmbio e dos preços praticados nos portos.
No entanto, os preços ainda seguiam a tendência do mercado internacional, sem que a estatal tivesse autonomia para contrabalançar grandes variações e evitar impactos significativos no Brasil, refletindo diretamente no consumidor. Esse modelo permitiu que a Petrobras alcançasse recordes de lucros e distribuição de dividendos. Os resultados do segundo semestre de 2022, por exemplo, possibilitaram um repasse histórico aos acionistas no valor de R$ 87,8 bilhões.
Agora, também serão levados em conta o “custo alternativo ao cliente” (preço dos concorrentes) e o “valor marginal”, que engloba os custos da companhia na produção, importação e exportação.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que o governo está “nacionalizando” os preços dos combustíveis.
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