Manaus, AM – Em coletiva de imprensa nessa quinta-feira (1), o governador Wilson Lima (UB) acusou o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam) de fazer greve com cunho político. De acordo com ele, os líderes da paralisação pretendem se candidatar nas eleições municipais.
A afirmação do governador do Amazonas foi vista como um ataque à classe educadora, que busca melhores condições de trabalho e o reconhecimento do Estado, o que não foi feito até o momento. Anteriormente, Wilson Lima ofereceu um reajuste salarial de 15%, mas para a imprensa, ele voltou atrás e destacou que o reajuste seria de 8% e imediato.
Vale lembrar que o reajuste proposto pelo governador do Amazonas é muito abaixo do aprovado pelo Ministério da Educação, que elevou o salário dos profissionais em janeiro de 2023, com um reajuste de mais de 14%. No entanto, essa porcentagem nunca chegou a ser posta na remuneração dos educadores do Amazonas, que precisam chamar a atenção do governador, que faz pouco caso com os professores.
Agora, a nova tática de Wilson Lima é sujar a imagem da greve e afirmar que a preocupação são com as crianças e com os pais. O governador do Estado tem “jogado sujo” desde o anúncio da paralisação, quando recorreu à Justiça para tornar a greve ilegal. Os professores estão afastados da sala de aula desde o dia 17 de junho e não houve negociação para chegar perto dos 25%, que é o reajuste justo que a classe pede.
Além disso, o governo do Amazonas descontou o salário dos professores que aderiram à paralisação. É importante ressaltar que, mesmo faltando ao trabalho, a legislação brasileira assegura o salário completo do servidor grevista, uma vez que a greve é um direito.
Com diversos fatores que estão sendo impostos para barrar a luta dos profissionais da Educação, além de deputados estaduais que não estão do lado dos professores, Wilson Lima agora afirma que a greve é um movimento político para promover algumas pessoas na pré-candidatura das eleições municipais.
Incoerência
A reclamação dos professores com os salários não é de hoje, uma vez que, desde o primeiro mandato, em 2019, Wilson Lima faz pouco caso da classe. No entanto, meses antes da eleição, o governador tentou se sair “bem na fita” ao anunciar o pagamento do que ele mesmo chamou de ‘o maior Fundeb da história do Amazonas’.
Vale destacar que o pagamento do Fundeb é oriundo de recursos federais e repassado pelo governo de cada estado brasileiro. Na época, em dezembro de 2021, faltava menos de um ano para a eleição que definiria o futuro de Wilson Lima, e ele usou o palanque da Educação para tentar garantir votos e se manter no poder.
Na ocasião, o menor valor pago foi de R$ 12.600, estando aptos para receber, também, merendeiras, bibliotecários, auxiliares de serviço gerais e vigilantes concursados. O maior valor pago aos profissionais foi de R$ 37.800.
Ou seja, enquanto o governador acusa o Sindicato dos Professores de buscar reconhecimento pelo trabalho realizado dentro das salas de aula, em escolas que, muitas vezes, não tem uma estrutura adequada para receber os alunos, Wilson Lima já usou o palanque da Educação para se promover politicamente, sendo incoerente com aquilo que, agora, prega.
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