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Política

Ministra Marina Silva se retira de audiência no Senado após ataques

VERGONHA NO SENADO Senadores ofendem ministra Marina Silva

Ministra Marina Silva se retira de audiência no Senado após ataques

Marina Silva em audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, presidida pelo Senador Marcos Rogério. / Foto: Reprodução / YouTube / TV Senado

A baixa qualidade da maioria dos políticos que compõem o Congresso é exposta diariamente ao povo brasileiro. Nos debates nas comissões ou no plenário, há muito tempo já se banalizou a mentira, as ofensas, a burrice, a falta de respeito, a defesa de interesses espúrios e até agresões físicas.

Mas o nível das discussões sempre pode descer um pouco (ou muito) mais a cada sessão.

Uma prova disso foram as cenas vergonhosas protagonizadas na Comissão de Infraestrutura do Senado nesta terça-feira (27), em que senadores ofenderam seguidamente a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que teve que se defender sozinha.

Conhecida por sua tolerância, Marina chegou ao seu limite e foi obrigada a retirar-se do recinto, em sinal de protesto.

“Não sou submissa”, disse, antes de sair.

O principal tema de desentendimento foi a proposta de pavimentação da BR-319, estrada federal que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM).

Marina deixou a sessão depois que o líder do PSDB, senador Plínio Valério (AM), que já havia ofendido a ministra em março, afirmou querer separar a mulher da ministra porque a primeira merecia respeito e a segunda, não. Marina disse que só continuaria na comissão se houvesse um pedido de desculpas. Plínio se recusou.

Antes de sair, a ministra ainda teve que ouvir ameaça por parte do presidente da comissão, Marcos Rogério (PL-RO), que disse que poderia convocá-la para prestar esclarecimentos. Desta vez, ela foi como convidada, com presença facultativa. Se convocada, Marina será obrigada a comparecer.

Em março, Plínio disse ter vontade de enforcar a ministra. “Imagine o que é tolerar a Marina 6 horas e 10 minutos sem enforcá-la?”, disse o senador sobre a participação de Marina em audiência na CPI das ONGs.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) apenas classificou a fala de Plínio como “infeliz” e como combustível para violência. Mas não houve punição.

Marina no Senado

Em outro momento tenso da sessão, o presidente da comissão, senador Marcos Rogério , disse à ministra: “Ponha-se no seu lugar”.

Mais uma vez, Marina se mostrou inconformada e foi defendida pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e por parte dos presentes.

Outra discussão foi travada entre Marina e o senador Omar Aziz (PSD-AM) sobre a BR-319, rodovia federal que enfrenta, há anos, dificuldades de licenciamento ambiental para ser novamente pavimentada.

Marina foi convidada pela comissão para explicar a criação de uma unidade de conservação marinha no litoral norte do país, conhecido como Margem Equatorial, onde a Petrobras reivindica a prospecção e posterior exploração de petróleo.

Ela disse que a discussão em torno da criação da unidade de conservação se arrasta desde 2005 e não foi proposta para inviabilizar o empreendimento.

“[A unidade de conservação] não incide sobre os blocos de petróleo. E não foi inventado agora para inviabilizar a margem equatorial. Isso é um processo que vem desde 2005”, disse Marina, mostrando um histórico do debate aos senadores.

Marina também afirmou que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) tem “queimado todas as sobrancelhas” com a prospecção de petróleo na Foz do Amazonas.

“Vocês notem que vai ter o leilão, já está estabelecido, de cerca de 47 [áreas exploratórias]. O que está lá é para prospecção, não é ainda exploração. Prospecção, como todo mundo diz, para verificar se tem petróleo, a qualidade do petróleo”, disse.

“Mas é algo tão complexo, em torno de 5 mil metros de profundidade, que o Ibama tem queimado todas as sobrancelhas porque essa é frente nova em uma região muito delicada”, completou a ministra.

A autorização de órgãos ambientais para exploração de petróleo na Foz do Amazonas divide o governo Lula (PT) e é alvo de pressão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

No último dia 19, o Ibama informou que a estrutura de resgate à fauna construída pela empresa em Oiapoque (AP) foi aprovada, liberando, assim, a realização de um teste da perfuração.

Chamado de avaliação prévia operacional, esse teste é a última etapa antes da análise final sobre a licença para o poço exploratório, que vem sendo alvo de embate no governo entre Marina e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Mas os senadores não estão satisfeitos. Ávidos por defender interesses empresariais bilionários, encaram a ministra como inimiga.

Na outra ponta, estão todos aqueles que dão importância ao Meio Ambiente e encaram a fauna e a flora como essenciais para a continuação da existência humana e para a qualidade de vida no planeta.

(*) Com informações do ICL notícias

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