Manaus, AM – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou o aporte de US$50 milhões ao Fundo Amazônia durante a visita a Manaus, no Amazonas, neste domingo (17). Em seu pronunciamento, Biden também reforçou que deixa ‘legado forte’ para Donald Trump, que assume a presidência americana em 2025.
O anuncio ocorreu durante a agenda do democrata no Museu da Amazônia (Musa), onde se reuniu com lideranças indígenas. O investimento elevará o total de contribuições dos EUA para o Fundo Amazônia para US$ 100 milhões, sujeito a aprovação do Congresso, e tem como objetivo acelerar os esforços globais para conservar terras e águas, proteger a biodiversidade e enfrentar a crise climática.
“A luta contra a mudança climática vem sendo a causa da minha presidência. Não é preciso escolher entre economia e meio ambiente. Nós podemos fazer as duas coisas”, destacou Biden.
O presidente americano também anunciou que está lançando uma coalisão internacional para mobilizar, no mínimo, US$10 bilhões até 2030 para restaurar e proteger 20.000 milhas quadradas de terras.
Outras medidas anunciadas por Biden consistem em:
Emitir uma proclamação oficial para proteger a conservação da natureza no mundo inteiro.
Mobilizar, por meio da Corporação Financeira de Desenvolvimento, centenas de milhões de dólares em parceria com uma corporação brasileira para reflorestar a Amazônia.
Oferecer financiamento para lançar o Fundo das Florestas Tropicais, iniciativa do governo brasileiro.
Apoiar uma legislação que irá lançar uma nova fundação de conservação internacional, que irá utilizar fundos públicos para atrair bilhões de dólares em capital privado.
As ações foram anunciadas dois meses antes do fim do mandatado de Biden, que reforçou estar deixando ‘uma base muito forte’ nas políticas climáticas para o sucessor Donald Trump.
“Estou saindo da presidência em janeiro e vou deixar ao meu sucessor uma base muito forte, se eles decidirem seguir esse caminho. Alguns podem negar ou atrasar a revolução de energia limpa que vem acontecendo nos EUA, mas ninguém pode revertê-la.”
A eleição de Donald Trump no começo de novembro reacendeu as discussões sobre clima e meio ambiente. Como a maior economia do mundo e a segunda emissora de gases de efeito estufa, as decisões dos EUA têm impacto direto na luta global contra as mudanças climáticas.
Conhecido por sua postura de flexibilização regulatória e apoio ao setor de combustíveis fósseis, Trump promete tocar uma agenda anti-ambiental, o que preocupa especialistas. Negacionista das mudanças climáticas, ele usou o mote de campanha “Drill, baby, drill” (perfure, baby, perfure), sobre aumentar a exploração de petróleo do país.
No seu primeiro mandato, Trump tirou os EUA do Acordo de Paris, pacto assinado pela comunidade internacional em 2015 para limitar o aquecimento global, e revogou mais de 100 regras ambientais, que impactaram nas emissões de gases de efeito estufa, um dos principais responsáveis pelo aquecimento global.
Ainda durante o pronunciamento, o presidente dos Estados Unidos enalteceu a região.
Muitas vezes foi dito que a Amazônia é o pulmão do mundo. Mas, a meu ver, nossas florestas e maravilhas são o coração e a alma do mundo
Visita a Amazônia
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desembarcou em Manaus, neste domingo (17) para uma visita histórica à região amazônica. Ele estava acompanhado da filha Ashley e da neta Natalie, segundo a agência de notícias AFP. A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, também está na comitiva.
Por volta das 14h, já na capital do Amazonas, o democrata embarcou em um helicóptero modelo VH-60N White Hawk para fazer o sobrevoo de helicóptero pela região. Outros seis helicópteros da Força Aérea Americana decolaram para realizar a escolta do presidente durante o passeio.
Biden sobrevoou o Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões, a Reserva Florestal Adolpho Ducke e o Museu da Amazônia (Musa), para onde seguiu após o passeio, encerrado às 14h42.
O presidente chegou ao Musa às 15h20 acompanhando da pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Camila Ribas e do CEO da Mombak, empresa que negocia créditos de carbono, Peter Fernandez.
Bidez fez uma trilha em um trecho de vegetação nativa dentro do museu e se encontrou com lideranças indígenas, que o aguardavam ao pé de uma Sumaúma – maior espécie de árvore encontrada na Amazônia podendo chegar a 50 metros de altura e viver cerca de 120 anos.
Após a visita, o presidente fará breves comentários à imprensa e assinará uma proclamação designando o dia 17 de novembro como o Dia Internacional da Conservação, conforme informações divulgadas pelo governo americano.
Esta é a primeira vez que um presidente em exercício dos Estados Unidos visita a região da Amazônia brasileira, conforme a Casa Branca.
Biden foi recebido pela embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Bagley, pelo governador do Amazonas, Wilson Lima e pelo prefeito de Manaus, David Almeida.
O climatologista brasileiro Carlos Nobre, referência nos estudos sobre os efeitos das mudanças climáticas na Amazônia, também acompanha o presidente americano durante a visita.
Fonte G1AM
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