Nesta semana, diante da morte do Arte-Educador Marcos da Silva Oliveira aqui em Manaus, a escritora e professora Liz Valente enviou um comovente desabafo em áudio. Nesse áudio, ela menciona, entre outras coisas – parafraseando a bela letra de Marcelo Yuka, Seu Jorge e Wilson Capellette, eternizada na voz da maravilhosa Elza Soares – que “a carne mais barata do mercado é a do professor.” Também faz um apelo aos colegas, dizendo que essa situação da profissão docente só está assim “porque nós deixamos”, no que concordo plenamente.
Marcos, professor de Artes da Escola Municipal Themistocles Pinheiro Gadelha, localizada no Jorge Teixeira, Zona Leste de Manaus, passou mal na sala dos professores e faleceu antes da chegada do SAMU. Nosso colega possuía convênio com a Manausmed, mas já aguardava há mais de duas semanas a liberação de exames de cardiologia que havia solicitado. Além do abandono por parte da saúde municipal, mesmo quando se paga uma alta mensalidade para (não) usufruir dela, vale lembrar que o Prefeito de Manaus, semanas atrás, ofereceu um mísero reajuste de 1,25% para a categoria. Durante a negociação, após seu líder na Câmara ter dito que caso os professores não quisessem este reajuste, que abrissem mão, o próprio prefeito retaliou os professores, retirando inclusive a miséria que tinha oferecido.
A Secretaria Municipal de Educação de Manaus (SEMED) sempre maltratou os profissionais da educação, tendo, há décadas, gestões autoritárias e incapazes de ouvir as demandas da categoria. A pasta, uma das mais importantes do município, já foi administrada até mesmo pelo ex-deputado e empreiteiro Pauderney Avelino e, de Kátia Schweikardt à irmã do atual prefeito, Dulce Almeida, está sempre sendo administrada por pessoas incompetentes, sem qualquer formação ou compromisso com a educação das crianças manauaras.
A SEMED tira e coloca professores nas escolas conforme sua vontade, obrigando nossos colegas, muitas vezes, a longos deslocamentos em meio ao caótico trânsito manauara, entre um turno e outro, sem se importar com o bem-estar dos docentes. Além disso, sob a alegação de oferecer formação continuada, compra pacotes superfaturados de empresas do Centro-Sul do país para realizar cursos enfadonhos, descontextualizados e sem qualquer possibilidade de produzir transformações nas práticas e nas condições materiais da comunidade escolar.
A escola em Manaus mata professoras e professores de estresse, violência escolar, inanição, raiva, calor, angústia, tristeza, depressão e ansiedade. A atual secretária odeia os professores, como todo bolsonarista. Só há uma pessoa capaz de alterar esse quadro caótico na educação manauara: você, professor!
Professoras e professores de Manaus, uni-vos!
(*) As opiniões apresentadas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do colunista!
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Cláudia Maria 22/04/24 - 15:40
Gostaria de salientar que mesmo que tenhamos como eu 17 anos de SEMED, e precise por motivo de tempo tirar a licença prêmio. Preciso conseguir no meu caso dois profissionais para me substituir em sala. Sendo que isso deveria ser obrigação da instituição que é quem contrata os professores. Não consegui minha licença prêmio pois estou este ano com o 1° ano e ninguém quer alfabetizar
Welton Oda 24/04/24 - 17:02
Oi Cláudia. Recomendo que procure um advogado e posso indicar um que o fará sem custos.